Petrolão
Pezão e Tião Viana deverão ser investigados
Procuradoria pedirá ao STJ para apurar eventuais participações dos governadores do RJ e do AC, citados na Lava Jato
É praxe na corte aceitar solicitações de inquérito feitas pelo Ministério Público; citados negam envolvimento no caso
Na próxima semana serão enviados ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedidos de investigação sobre a eventual participação dos governadores do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e do Acre, Tião Viana (PT), em casos apurados pela Operação Lava Jato.
Pessoas que atuam no caso informam que os pedidos estão em fase final de produção. Procuradores avaliam se o caso é de uma solicitação de inquérito ou de abertura de sindicância, classe processual que existe no STJ e antecede a fase de inquérito.
Citações aos governadores estão na corte desde o mês passado, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, promoveu a cisão das delações.
Ele manteve no STF (Supremo Tribunal Federal) deputados e senadores e levou ao STJ os governadores.
Os casos estão sob a relatoria do ministro Luís Felipe Salomão e correm em sigilo. Caberá a ele autorizar ou não o início das apurações. A aceitação é praxe no STJ.
A expectativa é que, no mesmo pedido, seja solicitado o fim do sigilo dos processos, quando será possível saber o contexto em que os governadores foram citados pelos delatores Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e Alberto Youssef, doleiro.
Após as fases de sindicância e inquérito, o Ministério Público pode pedir o arquivamento das investigações ou formular uma denúncia.
Para que o governador responda a um processo criminal, é preciso de autorização da Assembleia Legislativa.
Pezão afirmou nesta quinta (5) desconhecer a citação de seu nome. Ele recebeu a notícia pela imprensa e disse estar disposto a colaborar, se for chamado.
A assessora de Tião Viana disse que ele não vai falar sobre o tema. E ressaltou que todas as doações à sua campanha estão registradas.
Avisado de que estaria na lista enviada ao STF, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) disse que "vai para cima" para tentar provar inocência. Ele foi citado em depoimentos por Paulo Roberto Costa, que atuou em sua campanha ao governo do Rio em 2014.
As três maiores doações que ele declarou à Justiça foram feitas por empreiteiras envolvidas na Lava Jato: UTC, Queiroz Galvão e OAS.
O senador nega relação entre as contribuições e o esquema na Petrobras. E diz que Costa só atuou em sua campanha como consultor do programa de governo.
"Ele [Costa] parecia o melhor cara da área. Dizia que o Rio poderia virar a Houston brasileira. Fizemos três reuniões e depois fiquei surpreso quando ele foi preso. Eu não sabia de nada", afirmou Lindbergh.