Petrolão
Vice da BA se desculpa por 'cagar e andar' para Lava Jato
Frase polêmica foi dita à Folha após o Supremo abrir inquérito contra ele
Governador definiu como 'inadequada' fala de seu vice, mas negou ter a intenção de afastá-lo da gestão
Após ganhar visibilidade ao dizer que estava "cagando e andando" ao comentar a inclusão de seu nome na lista de investigados pela Lava Jato, o vice-governador da Bahia, João Leão, resolveu pedir "desculpas à sociedade" e aos que irão investigá-lo.
Filiado ao PP, partido com o maior número de políticos sob investigação nesta fase da operação, Leão foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de receber propina.
"Foram considerações feitas num momento de profunda indignação e surpresa. Fiquei muito triste porque ao longo de 28 anos de vida política jamais passei por tamanha crueldade. Peço desculpas à sociedade", disse, em nota, neste domingo (8).
Em seguida, Leão diz ser inocente e que irá provar isso na Justiça. "Não há, da minha parte, nenhuma intenção de ofender o Ministério Público, o Poder Judiciário, ou quaisquer outras instituições essenciais na manutenção do Estado democrático de direito, nem pessoas."
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), definiu neste domingo (8) como inadequada a declaração de seu vice.
"No momento de dor e de revolta você pode acabar pronunciando palavras que não sejam as mais adequadas", afirmou Costa, durante evento em Salvador.
"Mas sua indignação é de alguém que vai lutar para provar a sua inocência. Desde o princípio ele foi enfático em afirmar que não tinha relação com esses fatos. Eu continuo confiando nele."
Em entrevista por telefone à Folha, na sexta (6), o vice-governador baiano disse que estava "cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos". "Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa."
Segundo Rui Costa, Leão não deve ser afastado da Secretaria de Planejamento, cargo que também ocupa.
"Não tenho motivo nenhum para afastá-lo. Ele foi citado por alguns dos delatores. O que o STF fez foi autorizar o início do processo de investigação. Então, como posso afastá-lo, se nem sequer ele ainda foi investigado?"