Nem tão branca, nem tão elite
Deixou a foto de Lula em casa e foi protestar
Junto às fotos de família na sala da casa, chama a atenção uma imagem de Lula. Ao lado do ex-presidente está o tio-sindicalista da estudante Mylene Xavier, 19.
Numa casa de cinco cômodos, em um terreno que abriga outras duas residências, Mylene vive com os avós e uma prima no bairro Jardim Dona Sinhá, na periferia leste de São Paulo.
De lá, a estudante de pedagogia levou uma hora e meia para chegar à avenida Paulista no domingo (15) para participar da manifestação contra o governo Dilma.
Ela conta que um grupo de sete amigos da região se mobilizou para participar do protesto, em que ela ficou do início ao fim.
"Os jovens não têm oportunidades, por isso muitos vão para a criminalidade. Querem conquistar o que o Brasil não oferece a eles", afirma Mylene, que trabalha como assistente de crédito numa loja de departamento.
O salário serve para pagar a faculdade. Por não ter feito o Enem, ela não conseguiu dinheiro do Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).
Outras reclamações da estudante envolvem a alta dos preços motivada pela inflação e a qualidade do transporte público, que ela considera um caos. A insatisfação não poupa nenhum governante. "A culpa é de todos. A corrupção sempre vai existir e vem desde o primeiro político. Eles deveriam saber o que a gente passa para ter mais consciência", diz.
Mylene foi a única em sua casa a participar do protesto. O avô Amadeu Ferreira da Silva, 65, que considera Lula "o melhor presidente da história do Brasil", diz já não ter mais idade para ir às ruas, mas apoia a iniciativa da neta. "Ela está certa, Dilma pisou na bola com os aumentos recentes."
Ela afirma que participará da próxima manifestação.