Nem tão branca, nem tão elite
Fotógrafo não sabe se continuará no Brasil
Thomas Baccaro, 39, conhece as pessoas pelas paredes. Ao visitar alguém, seu olho logo percorre os detalhes da decoração.
Na sua casa, em Perdizes, bairro de classe média alta da zona oeste de São Paulo, há gravuras de importantes artistas brasileiros, como Di Cavalcanti e Tarsila do Amaral. Há quadros por todo lado. No banheiro, são três.
Filho de artistas italianos, Thomas vive da fotografia e do comércio de obras de arte. Em seu currículo, constam exibições na França, nos EUA e no Canadá.
"Minha vida é meio maluca, sou um pouco cigano", define-se. Um dos seus trabalhos mais marcantes foi uma série de fotos feitas desde a nascente até a foz do rio São Francisco, passando por 52 cidades. "Eu sei bem o que é a pobreza, a diferença social e a falta de oportunidades do Brasil", diz, sobre as viagens que fez pelo país.
Foi a vontade de mudar essa situação que levou o fotógrafo a participar da manifestação contra o governo no último domingo (15).
Ele reclama dos altos impostos, que não voltam como benefícios para a população, e da corrupção.
Para ele, a solução é investimento pesado em educação, voto distrital e fortalecimento do poder dos Estados. "Há muito poder concentrado nas mãos de poucos. Eles fazem o que querem", diz Thomas, que votou em Marina no primeiro turno e depois em Aécio Neves "por falta de opção".
Ele planejava abrir uma galeria de arte em São Paulo, mas adiou o projeto devido à situação econômica do país. "Engavetei tudo. Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã."
Ele ainda não sabe se continuará a viver no Brasil, mas já decidiu que estará no próximo protesto, marcado para o dia 12 de abril.