Ilustrada - em cima da hora
Pasta da Cultura nomeia novos membros do Fora do Eixo
Duas integrantes da rede terão cargos no governo; MinC diz convidá-las pela 'experiência'
Duas integrantes do coletivo Fora do Eixo foram nomeadas nesta quarta (25) para cargos no Ministério da Cultura, comandado pelo ministro Juca Ferreira. As designações foram publicadas no Diário Oficial da União.
As nomeações não infringem a lei. O envolvimento entre o Fora do Eixo, uma rede cultural espalhada pelo país, e o Ministério da Cultura, porém, é controverso. No passado, o grupo foi acusado de aplicar calotes em músicos, de organizar-se como uma "seita" e de promover práticas machistas.
Dríade Aguiar, 24, foi nomeada como coordenadora da assessoria de comunicação social do ministro.
Raíssa Galvão, 23, será assessora técnica na Secretaria de Cidadania e da Diversidade Cultural. O órgão é responsável pela administração dos pontos de cultura --iniciativas culturais como teatros e cineclubes que recebem incentivo direto do Estado.
A remuneração pelo cargo de cada uma é de R$ 4.688,79. A Folha não conseguiu falar com Aguiar e Galvão.
Outra integrante do Fora do Eixo já havia sido nomeada em janeiro para exercer um cargo no ministério. Marielle Ramires, 34, é assessora de gabinete do ministro, com salário de R$ 8.554,70.
"Essas profissionais não foram contratadas por causa do Fora do Eixo. Foram contratadas pela qualidade profissional delas", diz Helenise Brant, assessora especial do ministro Juca Ferreira.
"Elas têm uma experiência que interessa à política de comunicação do MinC, que é de ampla participação social, com transmissões em rede."
Quando assumiu a pasta da Cultura em janeiro, Juca disse que a Folha tentava criminalizar o Fora do Eixo.
"Eles têm algumas expertises", afirmou. "É preciso refletir que está vindo uma nova geração com novas demandas, com conceito de cidadania ampliado porque já lidam com a dimensão digital da vida pública."
O Fora do Eixo mantém grupos em cerca de 600 cidades, segundo seu líder, o produtor cultural Paulo Capilé. Integrantes vivem em casas compartilhadas e promovem festivais de música e outros eventos culturais de forma independente e com captação de recursos via editais.