Petrolão
Graça Foster diz que corrupção envergonha
À CPI, ex-presidente de Petrobras afirma que 'nunca ia imaginar' que o ex-gerente Pedro Barusco recebia propina
Sem licitação, a Câmara contratou empresa para vasculhar eventuais contas de investigados da Lava Jato no exterior
Em depoimento à CPI da Petrobras nesta quinta (26), a ex-presidente da estatal Maria das Graças Foster afirmou ter ficado "envergonhada" com os relatos de propina na empresa feitos por ex-funcionários que se tornaram delatores da Operação Lava Jato.
Citando o ex-gerente Pedro Barusco, um dos delatores, Graça, como é conhecida, afirmou que "nunca ia imaginar" que ele recebia propina.
"Eu entrei aqui nas outras CPIs ou em audiências com muito mais coragem do que entro hoje. [Porque] poderiam ter todas as suspeitas, mas não tinha os fatos que estão aí. Eu tenho um constrangimento muito grande, por tudo isso, de olhar pra vocês."
Graça repetiu a tese do também ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, de que a corrupção na estatal não era sistêmica.
Ela blindou o PT e defendeu sua gestão, afirmando que a empresa bateu recordes em 2014 e que a Operação Lava Jato acabou sendo "muito boa" para a Petrobras.
Numa crítica indireta à gestão tucana na Petrobras --período do governo Fernando Henrique Cardoso--, afirmou não acreditar que Barusco receberia propina isoladamente, como ele próprio declarou.
Houve bate-boca quando petistas acusaram a CPI de tentar blindar o lobista Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB.
KROLL
A Câmara vai gastar cerca de R$ 1 milhão para contratar a empresa de investigação Kroll para a CPI. O objetivo é buscar ativos no exterior dos investigados no esquema de corrupção na Petrobras.
A contratação foi articulação pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que é investigado na Lava Jato. A Kroll vai atuar até o fim da CPI, que deve funcionar por cerca de seis meses.
Sob o argumento de que se trata de uma firma especializada, o contrato foi formalizado nesta quinta sem licitação.
Segundo o presidente da CPI, Hugo Motta (PMDB-PB), serão buscados, dentre outros, recursos no exterior dos delatores da Lava Jato que eventualmente não tenham sido declarados às autoridades brasileiras em seus acordos de delação premiada com o Ministério Público.
"O intuito não é que as delações caiam [se forem encontradas contas não declaradas nos acordos de delação]. É repatriar o dinheiro. Se a consequência for cair a delação, não mandei mentirem [às autoridades]", afirmou Hugo Motta.