Morre o ex-ministro do STF Paulo Brossard
Jurista gaúcho teve carreira política de mais de 40 anos destacada por liderança na oposição à ditadura militar
Brossard foi deputado, senador e ministro, e se afastou das disputas eleitorais em 1994, ao se aposentar do STF
Ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), o jurista gaúcho Paulo Brossard de Souza Pinto morreu, aos 90 anos, na manhã deste domingo (12), em Porto Alegre.
Segundo Rita Brossard, filha do jurista, o pai estava em casa quando morreu --as causas não foram divulgadas, mas sabe-se que ele estava doente desde o ano passado.
Natural de Bagé (RS), Brossard formou-se advogado em 1947 e logo iniciou a atuação política --filiou-se ao Partido Libertador quando ainda era estudante e elegeu-se pela primeira vez em 1954.
No Rio Grande do Sul, foi deputado estadual, secretário de Justiça, deputado federal e senador. Chegou ao Congresso Nacional em 1974, derrotando no pleito o candidato dos militares, Nestor Jost.
Filiado ao oposicionista MDB durante a ditadura militar, Paulo Brossard destacou-se na luta pela redemocratização do país.
Foi eleito líder do partido no Senado em 1979 e chegou a ser candidato a vice-presidente na chapa encabeçada pelo general Euler Bentes Monteiro nas eleições indiretas de 1978, vencidas pelo general João Figueiredo.
No governo Sarney, ocupou o cargo de consultor-geral da República entre 1985 e 86 --integrou a comissão que elaborou o anteprojeto constitucional-- e o de ministro da Justiça até 1989.
Em março deste ano, foi nomeado para uma cadeira na mais alta corte do país, em substituição ao advogado paraibano Djaci Falcão.
Presidiu o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e ficou no STF até 1994, quando foi aposentado por ter completado 70 anos --idade-limite para a atuação dos magistrados na corte. Em seguida, Brossard se afastou da política.
Segundo a biografia "Brossard -- 80 Anos na História Política do Brasil", ele chegou a ser sondado por políticos como Pedro Simon para voltar às disputas eleitorais, mas declinou dos convites.
O jurista também fez carreira acadêmica, tendo sido professor da PUC e da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) nas décadas de 1950 e 1960.
O velório de Brossard foi realizado na tarde deste domingo (12), no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho.
À noite, o corpo do jurista foi cremado no Crematório Metropolitano da capital gaúcha. Paulo Brossard era casado com Lúcia Alves Brossard de Sousa Pinto.