Petrolão
Cardozo acusa oposição de politizar investigação da SBM
Aécio associou acusação de delator a possível impeachment
O ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) acusou a oposição de politizar as investigações feitas pelo governo brasileiro sobre o pagamento de propina pela empresa holandesa SBM em contratos com a Petrobras.
"Estão criando uma situação artificial, de que a investigação começou depois da eleição. Mentira, ela começa meses antes e tramita durante o processo eleitoral", afirmou Cardozo.
Ele se referiu à repercussão entre a oposição da acusação feita por um ex-diretor da SBM, Jonathan Taylor, que é delator na investigação feita sobre o caso na Holanda.
Taylor disse à Folha, em entrevista publicada na terça (14), que o governo quis proteger Dilma Rousseff ao abrir processo contra a SBM em novembro, após a eleição presidencial. O ex-diretor diz ter entregue ao governo provas do caso entre agosto e outubro.
Cardozo e a CGU (Controladoria-Geral da União), órgão do governo federal responsável pelo processo contra a empresa holandesa, negam esta versão.
"A sindicância investigativa do caso foi aberta aqui no dia 2 de abril, fato amplamente divulgado. Houve investigação, claro", disse o ministro da CGU, Valdir Simão.
"O que foi aberto em novembro foi o processo contra a empresa, o que só ocorreu após a aprovação do relatório preliminar da investigação aberta em abril", afirmou.
Além da investigação da CGU, Cardozo disse que a Polícia Federal também abriu um inquérito específico sobre o caso no dia 13 de março de 2014, a seu pedido. O inquérito, segundo o ministro, ainda não foi concluído.
"Esta investigação, que estão dizendo que começou só depois da eleição, foi aberta por decisão do governo em março e abril", contestou.
"Como se pode imaginar que houve omissão do governo, se foi ele que abriu as investigações, tomou todas as providências, entrou em contato com autoridades holandesas?", questionou Cardozo.
O ministro da Justiça criticou a tentativa feita pelo presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG), de associar a acusação do delator a um eventual pedido de impeachment contra a presidente.
"É lamentável que ainda hoje se pretenda politizar investigações que são feitas de forma clara e indiscutível pelo governo, numa situação que demonstra uma frustração com o resultado eleitoral", afirmou Cardozo.
Sobre os documentos entregues pelo ex-diretor Taylor, Cardozo afirmou que considera correta a atitude tomada pela CGU, de não juntar os documentos que ele entregou ao governo brasileiro aos autos das investigações.
Segundo Simão, se os documentos fossem falsos ou obtidos de maneira ilegal, haveria o risco de a investigação ser impugnada judicialmente em algum momento.
Por isso, segundo o chefe da CGU, o órgão pediu os documentos oficiais do caso às autoridades holandesas. De acordo com o ministro, o delator havia perguntado se haveria alguma vantagem financeira caso ele fornecesse os documentos.