Janio De Freitas
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Um renascer da política
Proposta de adoção do sistema distrital nas eleições municipais não deve passar facilmente no Congresso
No crivo inicial, agendado para amanhã no Senado, o esperável é a aprovação sem dificuldade. Não há divergência entre esse projeto importante e a Constituição. Mas, se ultrapassado o crivo, sem o apoio de fora do Senado nada promete facilidade para a aprovação de uma reforma que contraria poderosos interesses, ao recriar a esvaziada vida política das cidades com mais de 50 mil habitantes.
É o projeto de adoção do sistema distrital nas eleições municipais. Cada partido, na proposta do senador José Serra, concorreria com um candidato em cada distrito dos que dividiriam o município, compondo-se a Câmara de Vereadores com os representantes distritais eleitos.
Com a aprovação desse projeto, a participação eleitoral e, portanto, a vida política seriam reavivadas pela proximidade imediata políticos/eleitores, como é próprio do sistema distrital. O convívio do eleitor com seu representante eleito, tão escasso no Brasil, e tão viciado quando existente, passaria a ser de conveniência até maior para o representante do que para a maioria dos representados, porque disso dependeria a reeleição. Os partidos, por sua vez, em tais circunstâncias são compelidos a ter programas e propostas, na tentativa de obter maior identificação com o meio em que colhe votos.
O custo inconfessável das campanhas cai em queda livre com a redução de tantos candidatos por partidos para um só. O mesmo com a duração das campanhas. O dinheiro não deixa de influir, sobretudo no período preparatório entre eleições, e os cabos eleitorais podem proliferar. Mas as perspectivas se reduzem muito para os que buscam manter-se eleitos ou eleger-se como meio de conquistar riqueza.
Senadores são pouco próximos dos vereadores, o que torna menos espinhosa a recepção ao projeto no Senado. Na Câmara, sem pressão externa o projeto, se chegar até lá, vai sofrer.
OS TAIS
A disputa pela precedência na tomada de depoimentos da Lava Jato é apenas uma oportunidade ostensiva para os procuradores do Ministério Público Federal e os delegados da Polícia Federal se hostilizarem. O problema vem de longe, e, a rigor, é daqueles em que nenhum dos lados tem razão, por ambos conduzirem mal e até longe demais as suas pretensões.
O problema se resume em uma expressão conhecida: disputa de poder. Quando, cá de fora, o desejado é eficiência com respeito absoluto a tudo o que delimita as condutas legais --desejo tão mais inatendido quanto maior é a volúpia de poder, seja de quem for.
OLHA AÍ
A Mercedes-Benz decide demitir 500 dos 750 empregados na sua fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo-SP. Dois terços.
Ótimos lugar e ocasião para Dilma Rousseff, de acordo com ideia do seu novo ministro de Comunicação Social, Edinho Silva, ir explicar o que chama de ajuste fiscal.