'Nada justifica' ação da PM do PR, admite secretário de Richa
Francischini falou pela primeira vez sobre a repressão à manifestação, operação que deixou quase 200 feridos
Para Ministério Público de Contas, o projeto do governador tucano que altera a previdência é inconstitucional
Cinco dias após a ação policial que deixou quase 200 feridos numa manifestação contra projeto do governo Beto Richa (PSDB), o secretário de Segurança do Paraná, Fernando Francischini, falou pela primeira vez sobre o episódio. Ele prometeu uma "apuração rigorosa" e disse que "nada justifica" o que houve.
"Não tem justificativa. Nós lamentamos, as imagens são terríveis", disse em entrevista coletiva. "Nunca imaginávamos que ia acabar nisso."
Criticado por manifestantes, pela oposição e até por aliados de Richa, Francischini não respondeu se houve excessos da polícia. Disse só que um inquérito, com acompanhamento do Ministério Público, apura isso.
Francischini voltou a afirmar que a confusão começou quando parte dos manifestantes avançou contra a barreira policial. A secretaria divulgou imagens de jovens com lenços no rosto, que usaram escudos feitos com tampas de panela e atiraram pedras e pedaços de pau.
O secretário disse que a pasta havia sido alertada pelo Ministério Público sobre grupos radicais no protesto.
A fala do secretário ocorreu um dia após o presidente do PSDB no Paraná, Valdir Rossoni, ter pedido, nas redes sociais, que os responsáveis pela ação policial "sejam demitidos ou peçam para sair".
Deputado federal aliado de Richa, Rossoni classificou o episódio de "desproporcional e desnecessário"; e disse que os secretários responsáveis devem responder "pelas atitudes desmedidas, pelos desmandos, pelos exageros".
INCONSTITUCIONAL
O Ministério Público de Contas local considera inconstitucional a mudança da previdência dos servidores.
Segundo o procurador Gabriel Guy Leger, a mudança altera o equilíbrio atuarial e financeiro da previdência, contrariando a Constituição.
O Estado quer passar uma parte dos aposentados pagos pelo fundo financeiro, que integra o caixa do governo, para o fundo previdenciário, que recebe contribuição do Estado e dos servidores e tem um saldo de R$ 8,5 bilhões.
Com isso, a gestão, em severa crise financeira, economizaria R$ 1,7 bilhão por ano.
Leger entende que o projeto desvirtua a natureza do fundo previdenciário e irá consumi-lo em 30 anos, segundo cálculos do próprio governo.
"Essas pessoas que o governo quer migrar jamais contribuíram para esse fundo."
Ele ingressará com uma medida cautelar. Caberá ao tribunal de contas decidir.