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Estreia de votação eletrônica em comissão confunde senadores
"Presidente, gritar 'sim' era mais rápido; já tinha acabado a votação", sentenciou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) diante do burburinho na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
A Casa estreou nesta terça (5) o sistema eletrônico de votação nas comissões, mas o resultado não saiu como o esperado. O lamento do tucano ocorreu após minutos de confusão e dificuldade dos congressistas para votar projeto de lei que, entre outras medidas, estendeu a isenção do Imposto de Renda sobre a aposentadoria de portadores de doenças reumáticas.
No comando da votação, o Raimundo Lira (PMDB-PB) instruiu: "Orientação: digitar a chave pública, os três primeiros números da senha do plenário. Digitar a senha completa, de sete dígitos".
"Que senha é essa?", questionou o petista Humberto Costa (PE). "Chave pública... O que é? É o dedo?", emendou outro senador. "Eu pediria que alguém viesse aqui, porque o computador não está funcionando", reclamou Reguffe (PDT-DF).
Foram cerca de dez minutos entre o início da votação e o anúncio de que o processo estava concluído.
"Estamos entrando no mundo digital. A comissão tem que dar exemplo", disse Lira. "Mas é para simplificar, não para complicar", retrucou Jereissati.
O sistema, parte da modernização das votações no Senado, custou quase R$ 4 milhões --o valor inclui despesas com painéis de votação nas comissões e no plenário da Casa e com notebooks de tela sensível ao toque.
Encerrada a votação na comissão, foram mais três minutos até que os votos fossem computados. "O sistema está pensando", disse Lira, entre risadas dos colegas.
"O sistema pensa muito lentamente, presidente", gracejou Álvaro Dias (PSDB-PR).
O projeto foi aprovado por 19 senadores. Não houve votos contrários ou abstenções.