Mercado em cima da hora
Cortes devem mirar 'nível de 2013', diz Levy
Dilma faz neste domingo (17) reunião para definir redução de gastos; assessores políticos e econômicos divergem
Ministro da Fazenda afirma que governo está "fazendo contas" sobre mudança nas regras para a aposentadoria
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse neste sábado (16) que o país tentará reduzir os gastos do governo "ao nível de 2013".
"É um exercício de disciplina. O ano de 2014 foi além do que a gente pode suportar. 2013 foi um ano bom, uma boa linha de referência", afirmou em entrevista.
O ministro não falou em valores, mas em 2013 o governo teve superavit (receita menos despesas) de 1,9% do PIB, o equivalente a R$ 91,3 bilhões em valores da época. Neste ano, a meta é economizar R$ 66,3 bilhões em todo o setor público, 1,1% do PIB.
No entanto, como em 2014 houve deficit primário de 0,6% do PIB, o esforço fiscal neste ano equivaleria a uma economia entre R$ 110 bilhões e R$ 120 bilhões, o equivalente a 1,7% do PIB.
O tamanho do bloqueio de gastos depende ainda da capacidade de arrecadar neste ano --comprometida pela recessão e por derrotas do governo no Congresso.
Sobre as medidas de ajuste fiscal apreciadas pela Câmara, Levy disse que a aprovação de gastos fora do esperado pelo governo "pode levar a ter que reduzir as despesas ainda mais".
"A alternativa seria aumentar impostos. Toda vez que se cria um gasto novo, obviamente está se contratando novos impostos."
DEFINIÇÃO OCORRE HOJE
A definição dos cortes --e do esforço para economizar recursos e reduzir a dívida pública-- deve ocorrer neste domingo (17), em reunião da presidente Dilma com os ministros da chamada junta orçamentária, que define a execução do Orçamento: Aloizio Mercadante (Casa Civil), Nelson Barbosa (Planejamento) e Joaquim Levy (Fazenda).
A ala mais política do governo defende um bloqueio de gastos na casa dos R$ 60 bilhões, para evitar uma paralisia de ações do governo.
Na área econômica, Planejamento e Fazenda avaliam um corte entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões. Os técnicos buscam definir o maior bloqueio possível preservando ao máximo gastos sociais e dentro dos limites impostos pelas despesas obrigatórias.
"Estamos nos preparando [para a reunião] e eu não sei a que horas vai acabar", disse, em tom de brincadeira.
Levy afirmou que o governo "está fazendo esforço" para diminuir os gastos da administração, inclusive "com cortes na própria carne".
Sobre as mudanças nas regras da aposentadoria aprovadas pela Câmara, o ministro haver "uma percepção no governo de que não temos espaços para novas despesas".
Ele afirmou que o Ministério da Previdência está "fazendo algumas contas" e que "o sentimento é que tirar o fator previdenciário vai aumentar as despesas", mas não falou em números.