Planalto prevê vitória apertada de Fachin
Preocupado, governo mobiliza aliados para que estejam na sessão e garantam aprovação de advogado para o STF
Presidente do Senado, Renan Calheiros atua contra indicação, que será analisada em votação secreta
O Palácio do Planalto espera obter a aprovação do Senado à indicação do advogado Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal nesta terça (18) com margem pequena de votos, mas suficiente para garantir a nomeação.
Aliados em todos os partidos governistas foram mobilizados para garantir sua presença no Senado nesta terça, quando o plenário deve analisar a indicação de Fachin, nomeado pela presidente Dilma Rousseff para a vaga deixada por Joaquim Barbosa, que se aposentou há um ano.
Em atrito com o Planalto, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), vem criando dificuldades para Fachin e trabalha nos bastidores contra o seu nome.
Amigos de Fachin ouvidos pela Folha acham que o advogado deverá receber algo em torno de 50 votos nesta terça, mas admitem que ele pode ser derrotado. Fachin precisa dos votos de pelo menos 41 dos 81 senadores.
A mobilização governista é resultado do temor de que, com o plenário esvaziado, Fachin não alcance o número mínimo de votos. Cabe a Renan incluir a análise da indicação do advogado na pauta de votações do Senado.
Líderes governistas monitoraram senadores individualmente, fazendo ligações e cobrando a presença no plenário. "É evidente que não se pode brincar", afirmou o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).
Renan está em rota de colisão com o Palácio do Planalto desde que seu nome foi incluído entre os políticos investigados na Operação Lava Jato. Ele nega trabalhar contra Fachin e diz que age com "neutralidade e isenção".
Aliados do peemedebista, porém, admitem que Renan vem trabalhado contra o advogado para demonstrar sua força política no Senado. Como a votação é secreta, há espaço para traições na base governista nesta terça.
OPOSIÇÃO
Senadores da oposição prometem votar unidos contra Fachin, com exceção de Álvaro Dias (PSDB-PR), relator da indicação no Senado. Dias foi governador do Paraná e se tornou o principal defensor do advogado no Senado.
O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) disse que votará contra Fachin. "Voto de acordo com minhas convicções. Não se trata de uma articulação do partido", afirmou.
Segundo o peemedebista, o jurista não esclareceu vários pontos de sua trajetória profissional, como o trabalho como advogado simultaneamente à atuação como procurador do Estado do Paraná.
Para Ferraço, Fachin contrariou várias posições que defendeu no passado ao tentar justificá-las na sua sabatina no Senado, na semana passada. "Não fiquei convencido. Pareceu-me a ética da conveniência, para agradar os ouvidos dos senadores."