Vice afirma que PMDB não quer mais o papel de 'noiva preferida'
Partido deverá ter candidato a presidente em 2018, diz Temer
Principal articulador político do governo, o vice-presidente Michel Temer diz que o PMDB, partido do qual é presidente, cansou do papel de "noiva preferida" que desempenhou nas últimas eleições presidenciais e terá candidato próprio em 2018, em vez de apoiar o PT como nos últimos anos. (VALDO CRUZ e NATUZA NERY)
Folha - O sr. diria que procede a queixa de que o PT não queria partilhar poder...
Temer - Acho que havia certa razão [na queixa], porque esse depoimento vinha de vários partidos. A mim, [essa preponderância] não me assusta, porque o PT ganhou as eleições [presidenciais] com a cabeça de chapa.
Mas o PMDB, que muitas vezes é acusado de fisiológico, também ganhou essa eleição, trabalhou por essa eleição. Quando o PMDB queria maior participação, era nessa convicção de que também havia ganhado a eleição.
Como é lidar com a distribuição de cargos no segundo escalão entre os partidos aliados?
Não há distribuição de cargos. O que há na democracia é a participação no governo. Quem deve participar? Aqueles que apoiam o governo. Às vezes dizem que o PMDB quer cargos. Eu brinco que se um dia o PMDB chegar à Presidência da República, para não sermos acusados de fisiológicos, não vamos indicar ninguém. Nem ministro, nem autarquias...
O sr. faz autocrítica como governo. E a imagem de fisiológico não nasce do nada. O sr. faz autocrítica sobre o PMDB?
Falo dos acertos. O primeiro foi ter reconstruído a democracia no país. Pelas teses do passado e pelas teses que vem levantando ao longo do tempo. Uma delas é a responsabilidade com a governabilidade.
Em 2018, o PMDB deve ter candidato a presidente?
Toda tendência é ter candidato.
O PMDB cansou do papel de noiva?
De noiva preferida, né?
Aliados que acertaram com o sr. indicações para cargos disseram que o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante (PT), travava as negociações.
O Mercadante e o Ricardo Berzoini [ministro das Comunicações] têm a memória das nomeações. Eles ajudam muito. Todos nós estamos tentando apressar essas coisas.
O sr. está dando sua palavra de que as nomeações sairão. Se não saírem, o senhor perde as condições de ser o articulador.
Vai funcionar. Até porque, se a burocracia não funcionar, quem não funciona sou eu, aí saio eu.
Mas o sr. pensa em sair?
Não. Se, de repente os compromissos que assumi [não forem cumpridos], perde sentido minha permanência.