Petrolão
Dilma se irrita com pergunta sobre corrupção
Presidente diz a uma TV francesa que lutará até o fim para mostrar que nada tem a ver com o escândalo na Petrobras
Já para um jornal belga a petista afirmou que acusados foram demitidos por não serem de sua confiança
A presidente Dilma Rousseff afirmou que não está ligada às irregularidades na Petrobras investigadas na Operação Lava Jato e que lutará "até o fim" para provar isso.
Dilma disse, em entrevista ao canal francês France 24, que o escândalo se refere à atuação de um grupo restrito, da alta cúpula da estatal, e afirmou não haver "nenhum indício" que associe a propina desviada e os recursos doados a suas campanhas.
"É muito importante entender que a Petrobras tem mais de 30 mil empregados e são cinco envolvidos", afirmou.
Na entrevista que foi ao ar nesta segunda (8), a presidente ficou visivelmente irritada ao ser questionada se estaria preparada a assumir as consequências caso a investigação aponte seu envolvimento nos episódios de corrupção na Petrobras.
"Eu não estou ligada. Eu não respondo a essa questão porque eu não estou ligada. Lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada. Eu sei o que faço. Tenho uma história nesse sentido: nunca teve uma única acusação contra mim, por qualquer malfeito. Então, não é uma questão de 'se'. Eu não estou ligada", afirmou.
Dilma ponderou que "todas as campanhas" políticas realizadas no país receberam contribuição das empresas que participaram do esquema. "Eu não sei porque só a minha foi destacada", emendou. Ela afirmou ainda que demitiu, no início de seu primeiro mandato, pessoas envolvidas no escândalo.
Em outra entrevista, desta vez para o jornal belga "Le Soir", ela reforçou este argumento. "Essas cinco pessoas já não estavam na Petrobras desde o fim de 2011. Não porque eram suspeitos, mas porque eles não faziam parte dos membros da equipe em que eu confio", afirmou.
A Operação Lava Jato levou à prisão diretores, doleiros, o então tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e empresários. As investigações revelaram o maior escândalo de corrupção na Petrobras até hoje.
ESQUEMA
Dois dos principais delatores da operação, o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, acusaram políticos e campanhas de partidos.
Os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Renato Duque, além do ex-gerente Pedro Barusco, também estão envolvidos no escândalo.
Costa chegou a afirmar que Youssef fez, a pedido do ex-ministro Antonio Palocci, uma doação de R$ 2 milhões, vindos do esquema, à campanha de Dilma em 2010.
O doleiro nega, mas afirma que, para ele, o Planalto sabia do esquema de desvios de recursos em obras da estatal, investigado pela Operação Lava Jato.
Youssef admitiu que não tem provas sobre o que ocorreu, mas enumerou episódios que, para ele, demonstram o conhecimento do Planalto.
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"Lutarei até o fim para demonstrar que eu não estou ligada. Eu sei o que eu faço. Tenho uma história nesse sentido: nunca teve uma única acusação contra mim, por qualquer malfeito"
Dilma Rousseff
presidente da República, em fala ao canal francês France 24