Petrolão
Juiz acusa empresas de praticar crimes para obter negócios
Para Moro, Lava Jato não serviu para coibir a corrupção nas empreiteiras, o que justificaria a prisão dos executivos
Procurador diz que Odebrecht e Andrade Gutierrez operavam um esquema com 'nível de sofisticação maior'
Ao justificar os pedidos de prisão dos presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, o juiz federal Sergio Moro afirmou que as empreiteiras, as duas maiores do país, praticavam crimes para impulsionar seus negócios.
"A assim denominada Operação Lava Jato deveria servir para as empreiteiras envolvidas como um 'momento de clareza', levando-as a renunciar ao emprego de crimes para impulsionar os seus negócios", afirma, em seu despacho.
Os dois foram presos na 14ª fase da Lava Jato, denominada Erga Omnes, que significa "para todos" em latim e, no direito, designa a ação que vale para todos os cidadãos.
Moro alegou que, mesmo após a deflagração da Lava Jato, em março de 2014, as empreiteiras nada fizeram para mudar as suspeitas sobre pagamento de suborno e, por isso, haveria risco de que os supostos crimes continuassem a ser cometidos.
Ele mencionou ainda o risco de os empreiteiros interferirem na colheita de provas.
No mandado de prisão do presidente da Odebrecht, o juiz afirma que a corrupção era "política da empresa".
Os procuradores responsáveis pelas investigações da Lava Jato afirmaram nesta sexta (19) que os presidentes das empresas tinham "domínio de tudo o que acontecia" no esquema de pagamento de propinas na Petrobras.
"Apareceram indícios concretos, não só depoimentos, mas documentos comprovando que em algum momento eles participaram de negociações que levaram à formação de cartel e ao direcionamento de licitações", afirmou o delegado federal Igor Romário de Paula.
Para o procurador Carlos Fernando Lima, não há dúvida de que as empreiteiras "capitaneavam o esquema de cartel" na Petrobras. "Era um esquema com um nível de sofisticação maior."