Lobista ligado ao PMDB fecha acordo de delação
Hamylton Padilha contou ter pago propina a ex-diretores da Petrobras
Executivo da Andrade Gutierrez diz que dono da UTC pediu doações ao PMDB em nome do ex-ministro Lobão
O juiz federal Sergio Moro homologou nesta quinta (30) os acordos de delação premiada de Hamylton Padilha, lobista com atuação na diretoria internacional da Petrobras, controlada pelo PMDB, e de Mario Goes, empresário que intermediou pagamento de propina a dirigentes da Petrobras no Brasil e no exterior.
A delação de Padilha está mantida em segredo. Segundo a Folha apurou, ele entregou documentos bancários com pagamentos aos ex-diretores da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e Jorge Zelada.
Ele também deverá depor, em Brasília, em inquéritos que correm no STF (Supremo Tribunal Federal) sobre políticos com mandato.
Padilha, que não foi preso, começou a ser investigado neste ano. O contrato de afretamento de um navio-sonda para a Petrobras, que ele intermediou junto à diretoria Internacional da Petrobras, foi a origem do pagamento de propina de US$ 2 milhões em uma conta secreta atribuída ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque (indicado pelo PT), conforme a Folha revelou em maio. Procurado, o advogado Celso Vilardi não quis se pronunciar.
Preso desde fevereiro, Mario Goes deixou a prisão nesta quinta, logo após ter seu acordo homologado por Moro. Ele vai pagar multa de R$ 38 milhões pelos danos que confessou ter praticado como operador de pagamentos de propinas. Ele passou a usar tornozeleira eletrônica.
Goes admitiu ter movimentado ao menos R$ 3,4 milhões e outros US$ 6 milhões, no Brasil e no exterior, para o pagamento de propina. Ele agia na diretoria de Serviços, comandada pelo PT.
Nesta quinta, a defesa de Fernando Soares (o Baiano), apontado como operador do PMDB, pediu a anulação de depoimento de Julio Camargo, delator que admitiu ter pagado propina ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
EMISSÁRIO
O executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra disse, em depoimento à PF em Curitiba, que o empreiteiro Ricardo Pessoa, da UTC, foi o emissário do então ministro de Minas e Energia Edison Lobão para que integrantes do consórcio de Angra 3 fizessem doações ao PMDB em 2014.
Segundo o executivo, preso desde terça, o pedido de doação ocorreu após reunião na sede da UTC, líder do consórcio, convocada por Pessoa para a discussão de aspectos técnicos da obra. Representante da Andrade Gutierrez no consórcio, Barra diz que negou o pedido. O advogado do ex-ministro afirmou que Lobão "nunca pediu nada e nem autorizou ninguém a falar em seu nome".