Petrolão
Justiça manda soltar irmão de Dirceu e outros dois suspeitos
Eles estavam na sede da PF há dez dias; ex-ministro segue preso
O juiz federal Sergio Moro mandou soltar, nesta quarta-feira (12), o irmão do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e outras duas pessoas suspeitas de desvios de dinheiro de obras públicas.
Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão de Dirceu, Roberto Marques, ex-assessor do ex-ministro, e o empresário Pablo Kipersmit estavam presos em Curitiba, sede das investigações da Operação Lava Jato, há dez dias.
Os dois primeiros são investigados sob suspeita de terem feito transações com fornecedores da Petrobras em benefício do ex-ministro.
Kipersmit, por sua vez, é apontado como responsável por um contrato de fachada para repasse de dinheiro ao PT e a seu ex-tesoureiro João Vaccari Neto, por meio do operador Milton Pascowitch, hoje delator da Lava Jato.
Todos eles negam ter cometido crimes.
Para o juiz, Luiz Eduardo e Roberto Marques foram "auxiliares" de Dirceu no recebimento de propina e, por isso, não precisam seguir detidos.
"Quero crer que a decretação e a manutenção da prisão preventiva de José Dirceu seja suficiente, nesse momento processual, para interromper a atividade delitiva do grupo", escreveu Moro.
Quanto a Kipersmit, o magistrado entende que é preciso aprofundar a investigação.
Como o empresário admitiu parcialmente alguns dos fatos, Moro entendeu que há "menor risco" de que a investigação seja obstruída com a sua libertação.
À PF, o empresário reconheceu o contrato feito com Pascowitch e disse que ele foi feito com data retroativa, mas afirmou que houve prestação de serviços. Kipersmit atribuiu a assinatura do acordo ao diretor jurídico da empresa, Valter Pereira. Foram R$ 15 milhões repassados à empresa do operador.
Mesmo soltos, os três deverão entregar o passaporte à Polícia Federal e estão proibidos de mudar de endereço sem autorização da Justiça.
Marques, além de tudo, deverá deixar cautelarmente o cargo que ocupa na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde é funcionário efetivo. Para Moro, é "temerário" mantê-lo na função diante das provas colhidas, que indicam o recebimento de propinas pelo investigado.
José Dirceu, acusado de receber propina da Petrobras e de simular contratos com sua empresa de consultoria, a JD, continuará preso em Curitiba por tempo indeterminado. Ele nega as acusações.