Rolls-Royce diz cooperar com Justiça no Brasil
Delator acusa firma de pagar para ter contrato
A Rolls-Royce anunciou que está cooperando com as autoridades brasileiras em investigação sobre suposto pagamento de propina para obter contrato com a Petrobras.
A fabricante inglesa de turbinas, que em março anunciara que não havia sido procurada, agora diz ajudar na apuração da relação com "um influente empresário brasileiro que teria pago propina a executivos da Petrobras e a autoridades em nome de contratantes", diz o jornal britânico "Guardian", que estampou o caso na primeira página de sua edição desta segunda-feira (31).
O empresário seria o lobista Julio Faerman, ex-representante no Brasil da empresa holandesa SBM Offshore.
Uma porta-voz disse que a Rolls-Royce "está colaborando com oficiais brasileiros, mas não pode falar sobre investigação em andamento".
A empresa atuou com a Petrobras por mais de dez anos –o Brasil é um de seus mercados mais visados. No balanço de 2014, a Rolls-Royce revelou meta de dobrar seu faturamento no país até 2020.
O grupo declarou vendas na América Latina de 393 milhões de libras (R$ 2,16 bilhões) em 2014, de um faturamento total de 15,5 bilhões de libras (R$ 85,2 bilhões).
O delator Pedro Barusco, ex-gerente de engenharia da Petrobras, acusou em depoimento a Rolls-Royce de pagar propina, por meio de um agente, em troca de contrato para fornecer módulos de geração de energia à estatal.
Promotores na Holanda dizem já ter identificado pagamentos de Faerman a governantes brasileiros. Procurado pelo "Guardian", o empresário não respondeu.
Faerman também é investigado pela Justiça da Suíça, que, em março, congelou US$ 400 milhões (R$ 1,4 bilhão) em ativos ligados ao escândalo.
A acusação contra a RollsRoyce soma-se a investigações na Inglaterra, por suspeitas de corrupção na China e na Indonésia, e, desde 2012, nos Estados Unidos. Desde então, a empresa criou um código de conduta e diz ter reduzido o número de intermediários no exterior.