Boneco de Lula ressurge, e ministro é hostilizado
José Eduardo Cardozo é cercado e vaiado por manifestantes na Paulista
Grupos anti-Dilma encomendam boneco inflável da presidente e pretendem vender miniaturas do Pixuleko
Depois de sofrer um ataque e ser rasgado na última sexta (28), o Pixuleko, boneco inflável que representa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido como presidiário, reapareceu consertado e com proteção extra neste domingo (30) em São Paulo, em manifestação na avenida Paulista.
Cinco seguranças e um gradil foram contratados por cerca de R$ 2.000 para isolar o boneco símbolo das manifestações pró-impeachment.
A estratégia, porém, não impediu nova confusão. Por volta das 13h, manifestantes pró-governo foram ao local e gritaram pedindo que o boneco fosse retirado. Alguns deles chegaram a trocar socos com opositores antes de serem contidos pela PM.
Após a intervenção, os dois grupos passaram a se xingar e alternar gritos de guerra.
O boneco foi inflado em frente ao prédio onde funciona um escritório do TCU (Tribunal de Contas da União) em São Paulo, para pressionar o órgão a agilizar a análise das contas do governo Dilma, sob suspeita de irregularidades.
Segundo o Movimento Brasil, que criou Pixuleko, o reparo do boneco custou R$ 200. A partir da semana que vem, o grupo encomendará miniaturas e chaveiros da alegoria.
"Queremos torná-lo símbolo da nossa insatisfação com corruptos", disse Ricardo Honorato, do Movimento Brasil.
A Folha apurou que os grupos pró-impeachment vão providenciar um boneco da presidente Dilma Rousseff para manifestações previstas para o 7 de Setembro. Os nomes mais cotados para a nova alegoria são "Pixuleka", "Dilmandioca" e "Dilmanta".
MINISTRO VAIADO
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi cercado e xingado por manifestantes que estavam na avenida. Ele passeava com um amigo e atravessou a rua para evitar o protesto, mas foi visto por um grupo que correu em direção a ele gritando "Fora, PT", "Fora, Dilma" e "Pega ladrão".
Cardozo seguiu até uma livraria, onde conversou com manifestantes que apontavam fraude nas eleições e criticavam a gestão da presidente.
O ministro debateu com alguns deles e acabou sendo abraçado. Ele afirmou que as manifestações são positivas e "absolutamente legítimas", embora discorde da pauta.
"Democracia é divergência. O que não pode é xingar, ofender pessoalmente, que foi o que alguns fizeram."