Dilma cancela evento de programa social
Avaliação foi a de que celebração ampla para marcar 3ª etapa do Minha Casa, Minha Vida emitiria sinais equivocados
Governo já admitiu que o programa, um dos principais da gestão petista, sofrerá cortes em função da crise
Pressionado a cortar gastos diante do deficit fiscal, o Palácio do Planalto desistiu de fazer um grande evento nesta quinta-feira (10) para lançar a terceira etapa do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, uma das principais bandeiras do governo Dilma Rousseff.
Segundo a Folha apurou, auxiliares da presidente avaliaram que fazer uma cerimônia ampla para lançar o programa emitiria "sinais errados" para o Congresso e para o setor privado, que pressionam o governo a eliminar despesas e a encontrar saídas para o deficit de R$ 30,5 bilhões apresentando na semana passada na proposta orçamentária para 2016.
Na terça-feira (8), o governo admitiu publicamente que o Minha Casa, Minha Vida sofrerá cortes para reduzir as despesas públicas. No total, 1,4 milhão de casas da segunda fase do programa ainda não foram entregues.
Mesmo assim, o ministro Gilberto Kassab (Cidades), após uma reunião com Dilma na segunda-feira (7), insistia em lançar com pompas a terceira fase do programa.
O núcleo político de Dilma, porém, agiu para que o evento virasse apenas uma reunião fechada com a participação da presidente e de representantes da construção civil e de movimentos sociais.
No início de agosto, Dilma havia anunciado em sua página no Twitter que o evento estava marcado para 10 de setembro e, até a noite desta quarta-feira (9), não havia mencionado qualquer mudança no cronograma.
TERCEIRA FASE
Para a terceira fase do Minha Casa, Minha Vida estão previstas 3 milhões de casas até 2018, mas o governo não pretende editar por ora uma medida provisória criando a nova etapa do programa.
A própria presidente admitiu em discurso durante evento na Paraíba, na última sexta-feira (4), que precisará "suar a camisa" para cumprir a meta do programa.
"Negociaremos tudo com as partes envolvidas antes de mandar [a MP] para o Congresso", afirmou Kassab.
Dilma ainda precisava bater o martelo sobre o possível aumento das prestações dos imóveis, o valor das unidades e suas diferenças de preços entre as cinco regiões do país.
Após a reunião nesta quinta, no Palácio do Planalto, Kassab deve conceder uma entrevista a jornalistas para explicar os detalhes da nova fase do programa.