BC descarta subir juros para tentar segurar moeda
No primeiro dia de tensão no mercado por causa da perda do grau de investimento, o Banco Central optou por intervir no mercado de câmbio para evitar uma disparada na cotação do dólar.
A avaliação de analistas é que a decisão sinalizou que, neste primeiro momento, o BC prefere atuar no mercado de câmbio em vez de indicar que pode vir a subir a taxa de juros para conter o preço da moeda norte-americana.
Com a economia em recessão, assessores presidenciais não acreditam que o BC venha a subir os juros para segurar o dólar. Por outro lado, saiu do cenário uma redução na taxa Selic no início do próximo ano, podendo ficar em 14,25% até o final de 2016.
Logo cedo, quando o dólar chegou a superar R$ 3,90, o BC decidiu anunciar a realização de dois leilões, no valor total de US$ 1,5 bilhão, de linhas de crédito, injetando dinheiro novo no mercado.
Segundo a Folha apurou, o presidente do BC, Alexandre Tombini, reuniu sua equipe na quarta-feira (09) à noite para avaliar o cenário depois que a Standard & Poor's retirou o grau de investimento do Brasil e definir um cardápio de ações.
Na abertura do mercado nesta quinta, diante de um dólar pressionado, a diretoria do banco decidiu optar, entre as medidas analisadas no dia anterior, pelo leilão de linha de crédito com compromisso de recompra em janeiro e abril do próximo ano.
O BC anunciou o leilão de empréstimo de dólares às 9h51, na primeira hora de negociação, quando a moeda chegou a subir quase 3%, para R$ 3,908.
Os dólares das reservas foram vendidos a R$ 3,8748 e serão recomprados em janeiro e abril do próximo ano. As cotações de recompra serão, respectivamente, de R$ 4,0144 e R$ 4,1214.
Esse tipo de operação não afeta o nível das reservas, pois o empréstimo é considerado como uma espécie de aplicação do dinheiro. Havia expectativa sobre um anúncio antecipado de outro leilão para esta sexta (11), mas o BC não havia divulgado nenhum comunicado até a conclusão desta edição.