Para S&P, Levy não tem apoio certo para fazer o ajuste
Agência se diz convencida de que ministro quer conter gastos, mas tem dúvidas sobre sua chance de sucesso
Para as duas outras grandes avaliadoras de risco, Fitch e Moody's, é preciso crise abrupta para mudar nota do país
A incerteza sobre a capacidade de o Brasil segurar o crescimento da dívida pública levou ao rebaixamento da nota de crédito do país pela agência Standard & Poor's, nesta quarta (9), disse a analista da instituição para o Brasil, Lisa Schineller.
Em conferência sobre a perda do selo de bom pagador do Brasil, ela disse que o Joaquim Levy (Fazenda) "planeja pôr em ação medidas de recuperação", mas que tem "incertezas quanto à viabilidade e o sucesso disso".
Outro analista da equipe, Roberto Sifon-Arevalo, afirmou que, em 2008, quando o Brasil ganhou o selo de bom pagador da agência, alguns indicadores necessários não foram observados, mas que havia confiança de que seriam alcançados.
Schineller citou a falta de "coesão" e "comprometimento" do governo "como um todo" em implementar políticas econômicas. O envio de projeto de Orçamento ao Congresso com previsão de deficit causou questionamentos sobre a capacidade para reverter o quadro de retração.
"Sim, nos movemos rápido", disse a analista sobre a decisão de rebaixar a nota. "Mas foi uma decisão de peso. Precisaríamos ver mudanças importantes [para voltar a revisar a nota]." Schineller afirmou que a S&P não fixa prazo para novas avaliações.
OUTRAS DUAS
A agência de classificação de riscos Fitch ainda vê elementos apoiando o grau de investimento do Brasil, disse a analista sênior Shelly Shetty após a decisão da Standard & Poor's. Afirmou, no entanto, que o rating do Brasil está se deteriorando. Segundo a analista, a agência está monitorando o impacto da queda da popularidade de Dilma sobre sua capacidade de fazer o ajuste fiscal.
Anteontem, outra grande agência, Moody´s afirmou que não vê razão para tirar do Brasil o grau de investimento, a não ser que haja deterioração abrupta do cenário.