Lula vai a Brasília discutir crise e ajuste fiscal com Dilma
Petista fará sugestões para mudanças no governo em meio a rumores de saída de Mercadante e Levy
Chefe da Casa Civil negou ter colocado cargo à disposição; ministro da Fazenda está insatisfeito com novo pacote fiscal
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quinta-feira (17) em Brasília para discutir a crise com Dilma Rousseff, num momento em que circulam novos rumores sobre a saída dos ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Joaquim Levy (Fazenda) do governo.
Lula tem sido intensamente procurado por políticos e empresários apreensivos com a dificuldade do Planalto em encontrar saídas para a instabilidade política e econômica. Muitos pedem a saída de Mercadante como gesto de que o governo mudará por completo. O ministro, porém, é o fiel escudeiro de Dilma e seu interlocutor mais próximo.
Na semana passada, Dilma negou publicamente que estude mudar a configuração na Casa Civil, mas fez consultas a aliados mais próximos sobre essa possibilidade, conforme a Folha apurou.
Nesta quarta (16), porém, ela afirmou em conversas reservadas que, apesar do ataque especulativo, o titular da Casa Civil fica onde está.
Petistas até gostariam de mudanças na pasta, mas desde que o ministério permanecesse sob o comando de um correligionário. Assessores presidenciais afirmam que a resistência do partido faz reduzir as chances de ministra da Agricultura, Kátia Abreu (PMDB), assumir a vaga.
Contra rumores de que havia colocado o cargo à disposição da chefe, Mercadante disse, sorrindo, a um interlocutor: "Estou trabalhando feito um louco. Por acaso estou com jeito de que pedi demissão?".
Entre as mudanças na equipe ministerial, Dilma deve fundir a Secretaria de Relações Institucionais com a Secretaria-Geral, comandada por Miguel Rossetto, chamado nesta quarta pela presidente para discutir seu futuro.
A presidente discute com auxiliares a nomeação de Ricardo Berzoini, hoje titular do Ministério das Comunicações, para o posto.
O ministro da Fazenda foi alvo das mesmas especulações. Integrantes do governo afirmam que Levy tem apresentado sinais de cansaço e incômodo com alguns recuos do governo em medidas do ajuste. Gostaria, conforme relatos, de ter incluído no novo pacote alguma restrição a gastos com a Previdência.
Apesar da insatisfação, porém, ele não teria demonstrado desejo firme de sair.
IMPEACHMENT
Lula vai sugerir a Dilma que aproveite a reforma ministerial para dar novo sentido ao governo. O ideal é colocar ministros com voto no Congresso para barrar qualquer tentativa de abertura de processo de impeachment na Câmara.
Lula e Dilma estão distantes. Na segunda (14), dia do anúncio do pacote fiscal, o petista foi procurado por emissários de Dilma e informado de que a presidente queria detalhar os cortes e a possível recriação da CPMF.
Quando o contato foi feito, porém, Lula já assistia, pela TV, à coletiva de imprensa de Levy e do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.