Foco
Giles, o fiel e discreto assessor de Dilma, tenta reunir a base
"Uma pessoa normal vai quatro vezes a Antártida?", costuma dizer Dilma Rousseff sobre Giles Carriconde Azevedo, 54, seu mais fiel auxiliar.
Assessor especial da presidente, o homem que foi quatro vezes à Antártida é hoje o encarregado de uma árdua tarefa em meio à crise: ajudar a evitar que uma base parlamentar insatisfeita apoie um eventual processo de impeachment contra Dilma.
Apesar de sempre cotado para um ministério, Giles deve ficar onde está. Seu perfil é de bastidor, dizem amigos.
Gaúcho de sotaque arrastado, Giles conheceu Dilma em 1993, quando trabalharam juntos na administração do então governador Alceu Colares (RS) por indicação do PDT. Quase dez anos depois, eles migraram, juntos, para o PT.
Quando Dilma foi chamada por Lula, em 2002, trouxe com ela o auxiliar. Gostava de seu perfil discreto. Escolhida ministra de Minas e Energia, o nomeou secretário de Minas e Metalurgia. Até se mudar com ela para a Casa Civil.
Giles Azevedo transformou-se em chefe de gabinete e um dos operadores da presidente eleita em 2010. No cargo, presenciou praticamente todas as reuniões importantes do governo desde 1º de janeiro de 2011, quando Dilma tomou posse.
Testemunhas da relação dos dois afirmam que o segredo da longa convivência é a discrição do auxiliar.
"Ele é os olhos e os ouvidos de Dilma, o único na Esplanada que fala por ela", disse um ministro, sob condição de anonimato.
No passado, fez trabalhos de campo na Antártida. Durante meses, dormiu em barracas enquanto pesquisava o continente gelado.
Quem o conhece bem afirma que o frio enfrentado nos tempos de academia é tarefa fácil perto da atual: ao lado do ministro Ricardo Berzoini (Comunicação), trabalha para reunir o apoio de ao menos 200 deputados contrários à deposição da chefe.