Dilma afasta ministro do PT e aumenta a oferta ao PMDB
Presidente demite ministro da Saúde para dar pasta a deputado peemedebista
Pressão de partidos pela substituição de Aloizio Mercadante na chefia da Casa Civil atinge nível máximo
Às vésperas de concluir sua reforma ministerial, a presidente Dilma Rousseff demitiu por telefone o ministro da Saúde, Arthur Chioro, prometeu dar sete pastas ao PMDB e voltou a ser pressionada para substituir Aloizio Mercadante na Casa Civil.
Nesta terça (29), aliados de Mercadante que descartavam sua saída passaram a considerar a troca como inevitável. Ele retornaria ao Ministério da Educação, reforçando a gestão da pasta.
Há algumas semanas, Dilma havia negado intenção de substituir seu fiel escudeiro.
Mas partidos aliados passaram a cobrar mais e mais que ele deixasse a Casa Civil. Conforme interlocutores, a pressão atingiu nível máximo, sobretudo por parte do PMDB, hoje no comando de seis ministérios e prestes a levar mais um na reforma que será anunciada nesta quinta.
A legenda ganhará o Ministério da Saúde. Para entregá-la a um deputado peemedebista, Dilma teve de demitir o petista Chioro.
Na rápida e fria conversa com Chioro, ela não escondeu sua insatisfação com críticas públicas feitas por ele à imprensa, entre elas a de que o sistema de Saúde pode sofrer colapso por falta de recursos.
"Fique quieto, não se mexa. Você sai na quinta", teria dito ela, conforme relato do ministro a amigos. Assessores próximos a Chioro afirmam que ele ficou muito decepcionado, considerou uma "humilhação" ter sido demitido por telefone e avalia não participar da transmissão do cargo no ministério.
O episódio lembrou a demissão de Cristovam Buarque da Educação, dispensado da mesma forma pelo então presidente Lula.
Dilma passou a terça em negociações para fechar a nova equipe, com a qual espera recompor a base para aprovar o ajuste fiscal e evitar abertura de um processo de impeachment na Câmara. Além do PMDB, tenta trazer o PSB de volta à Esplanada.
Até o anúncio da reforma, o governo espera que o Congresso já tenha votado, e mantido, vetos presidenciais a projetos que aumentam os gastos públicos, como o que reajusta salários no Judiciário.
Nesta terça, Dilma indicou cedo ao vice, Michel Temer, que irá ampliar de seis para sete ministérios a cota do PMDB no governo mesmo que, para isso, recue no propósito de reduzir dez pastas. Já está definido que os senadores Eduardo Braga (Minas e Energia) e Kátia Abreu (Agricultura) serão mantidos.
Dois deputados do PMDB entrarão. Para a Saúde, o mais cotado é Marcelo Castro (PI), médico. A segunda pasta está sendo negociada, mas não se descarta manter a Pesca como pasta independente. Inicialmente, se cogitava anexá-la à Agricultura.
Há outras opções, como Cultura; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Ciência e Tecnologia.
Do grupo de Temer, Eliseu Padilha deve continuar na Aviação Civil, e Henrique Eduardo Alves, no Turismo. Já Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), pode trocar a Pesca, na hipótese de ser extinta, por Portos, que não será mais fundido com Aviação.
O ex-presidente Lula é esperado em Brasília nesta quarta (30) para ajudar nas negociações da reforma. Uma de suas missões é acalmar o PT, insatisfeito com a perda da Saúde e com a fusão de três secretarias (Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos) no Ministério da Cidadania.
Caso Mercadante saia, Jaques Wagner (Defesa) poderia assumir o posto. Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia) iria para a Defesa. E Ciência e Tecnologia ficaria com o PSB.