Cunha articula novamente para evitar sessão de vetos
Peemedebista está insatisfeito por causa de restrição a doações empresariais
Renan Calheiros agendou para terça (6) análise da pauta-bomba, mas Cunha quer decidir questão eleitoral antes
Após os turbulentos impasses que inviabilizaram a votação dos vetos presidenciais a projetos da chamada pauta-bomba na última semana, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mesmo negando publicamente agir contra a sessão do Congresso agendada para a próxima terça (6), articula para esvaziá-la.
Segundo aliados dele, Cunha está insatisfeito com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a quem cabe convocar as sessões conjuntas de deputados e senadores, desde que o colega se negou a colocar na pauta da sessão da última quarta (30) o veto às doações empresariais a campanhas políticas.
A presidente Dilma Rousseff vetou a medida, que havia passado Congresso, após o STF (Supremo Tribunal Federal) julgar essas doações inconstitucionais.
Renan temia criar um ambiente de instabilidade e acirramento de ânimos entre os Poderes caso colocasse o veto às doações na pauta. Pesou ainda a Operação Lava Jato, que investiga vários parlamentares em situações que envolvem financiamento empresarial de campanha.
Na terça (29), Cunha e Renan tinham um acordo para tentar viabilizar as doações no ano que vem. O senador tentaria acelerar a votação de uma emenda à Constituição para permitir doações de empresas a partidos. Na Câmara, Cunha articularia pela derrubada do veto de Dilma às doações. Na ocasião, contudo, a decisão da presidente ainda não havia sido publicada e, por isso, não teria como ser derrubada.
Sem avisar Renan, Cunha decidiu que, caso o governo não sancionasse a reforma política até o dia seguinte, de modo a possibilitar a apreciação do veto às doações empresariais, ele obstruiria a sessão no Congresso para análise dos vetos da pauta-bomba, o que de fato ocorreu.