Se a eleição para a Prefeitura de São Paulo fosse hoje, nem o PT conseguiria alcançar seu padrão histórico de votação na cidade nem o PSDB repetiria o desempenho que levou José Serra ao segundo turno e à vitória na disputa de 2004.
O responsável pelo cenário é Celso Russomanno (PRB), candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto com 35%. Sua vantagem se constrói principalmente nos extremos leste e sul, redutos que historicamente depositam seus votos no PT, e nos bairros mais centrais da zona leste, que ajudaram a eleger Serra em 2004.
Expressiva na periferia, a votação em Russomanno faria com que Fernando Haddad registrasse o pior resultado da história do PT nas disputas paulistanas.
Segundo pesquisa Datafolha da última semana, Haddad está em terceiro lugar com 15%. Considerando a margem de erro, tem no máximo 17%. O percentual equivale a 19,8% dos votos válidos -total calculado desconsiderando os votos brancos, nulos e os indecisos, que somam 14% nessa pesquisa.
O desempenho é inferior ao de Eduardo Suplicy em 1985, quando recebeu 20,7% dos votos válidos, o pior resultado petista até hoje.
Naquele ano, Suplicy ficou em terceiro lugar. Foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que alcançou 35,8%, e por Jânio Quadros (PTB), eleito com 39,3%.
Desde 1996, o PT consolidou sua votação nas periferias. Esse desempenho se repetiu mesmo quando o partido foi derrotado, como nos pleitos de 2004 e 2008.
Elas continuam sendo as regiões em que o partido vai melhor: nos extremos sul e leste, Haddad supera numericamente Serra, mas, comprimido por Russomanno, registra percentuais abaixo da média histórica do PT.
O desempenho de Serra também é fragilizado por Russomanno, principalmente na região que abrange bairros como Mooca, Penha e Tatuapé, onde o tucano teve votação expressiva em 2004.
Na soma da cidade, Serra teria hoje pouco mais da metade do percentual que conseguiu no primeiro turno da disputa de oito anos atrás.