Chip de novo iPad, primeiro feito pela Apple, assusta operadoras
Novidade não agradou às empresas de telefonia; Apple não diz se o SIM Card funcionará no Brasil
Tecnologia permite que o usuário escolha a operadora diretamente no tablet, sem precisar comprar outro chip
A aparente falta de novidades impactantes nos novos modelos de iPad, lançados no dia 16 de outubro, esconde um importante recurso das pranchetas, capaz de influenciar toda a indústria da telefonia celular nos próximos anos.
Nas versões 4G, o iPad Air 2 e o iPad mini 3 estão equipados, pela primeira vez, com o Apple SIM Card, chip da própria companhia --o que não deixou as operadoras de celular felizes.
Com ele, o usuário poderá escolher no tablet qual operadora lhe oferecerá o serviço de internet, sem precisar ter um chip específico para cada uma. Nas configurações, o usuário terá à disposição sua empresa favorita.
O recurso estará inicialmente disponível nos EUA e no Reino Unido. Procurada pela reportagem, a Apple não informou se o Apple SIM funcionará no Brasil.
O potencial de escolher a própria operadora, sem ter que correr atrás de chips específicos, é grande. Pode ser uma ferramenta importante para quem gosta de pular de galho em galho atrás do melhor preço em planos pré-pagos, por exemplo.
Ou para quem viaja para fora do país, o que poderia eliminar tarifas de roaming.
Esse, porém, é um negócio gigante para as operadoras. No ano passado, 4,9 bilhões de chips foram enviados ao comércio no mundo, segundo a consultoria ABI Research.
"As operadoras não irão desistir facilmente dos cartões SIM, especialmente no que diz respeito a celulares. Elas usam o SIM para manter uma base de usuários, amarrando o chip a aparelho específico", afirma Phil Sealy, analista da ABI Research.
"Além disso, esse cenário tem implicações significativas para o roaming de dados, pois as operadoras perderão receita", diz.
Procuradas pela reportagem, as operadoras brasileiras tiveram pouco a dizer sobre o assunto. Oi e Vivo não quiseram se pronunciar. A Claro diz que está "atenta às tendências de mercado". A TIM afirma que aguarda informações da Apple sobre os novos modelos de iPad a serem lançados no país.
Nos EUA, a AT&T já está sendo acusada de tentar travar usuários do Apple SIM dentro da sua rede. Eles estariam recebendo mensagens de que, se optarem pela rede da companhia, precisarão de um novo Apple SIM.
Membros da indústria de telefonia celular também duvidam que a tendência chegue aos celulares por causa de questões técnicas.
"O celular é mais complicado que um tablet, que exige apenas conexão de dados. O telefone inclui um número", diz Gareth Davies, membro da GSMA, associação responsável pelos padrões de redes de telefonia do tipo GSM.
A Apple, porém, já mudou o padrão do SIM card outras vezes. A primeira foi em 2010, quando foi a primeira a adotar o cartão micro SIM. Coincidentemente, o chip foi lançado inicialmente com um tablet, o iPad original. Depois levou para o iPhone 4.
Dois anos depois, a companhia lançou o nano SIM juntamente com o iPhone 5.