Pessoas subestimam importância de estar conectado, diz Facebook
Executivo afirma que custo é barreira, mas ainda falta conscientização sobre serviços da web
Companhia estuda usar drones ou satélites para levar conexão a áreas isoladas na Amazônia ou no Himalaia
Iniciativas para ajudar populações isoladas ou pobres a acessar a internet são obrigação para empresas de tecnologia --e especificamente o Facebook-- na visão de Ime Archibong, 33, dono de um dos mais altos cargos na maior rede social do mundo e responsável pelas parcerias da empresa.
"Não podemos ver o desafio da conectividade e esperar até que as pessoas hoje off-line consigam acesso para depois levar nosso produto até elas", disse em entrevista à Folha no escritório da companhia em São Paulo, na semana passada.
Segundo ele, "não é pelo dinheiro". "Se fosse, como já disse o Mark [Zuckerberg], nos focaríamos somente em otimizar nossa plataforma de anúncios. Propaganda, propaganda, propaganda."
Archibong é responsável pelo projeto Internet.org, que, por meio de acordos com operadoras, dá acesso gratuito ao Facebook, à Wikipédia e a serviços públicos on-line a usuários de celular em Colômbia, Gana, Quênia, Tanzânia e Zâmbia. Há planos de ampliar o projeto, mas ele não revela para onde.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
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Internet para todos
Temos a missão de conectar todo o mundo, de maneira aberta. Mesmo com o 1,4 bilhão de usuários agora, há um longo caminho. As barreiras são em uma escala "macro", como governos que não permitem que operemos em seus países [caso da China]. Outra questão é custo [do aparelho e do serviço].
Uma outra é conscientização. As pessoas subestimam o valor de estar conectado e falar com alguém [on-line]. Há pessoas que poderiam pagar pelo plano de dados, mas não sabem qual tipo de serviço elas e suas famílias podem acessar on-line, como procurar emprego, cuidar das finanças, aprendizado.
Conexão por drones
Só 15% da população mundial está em regiões não cobertas pela rede celular, segundo nossos cálculos, então seria idiota de nossa parte não usar essa estrutura. Mas, para as comunidades como as situadas na Amazônia profunda ou ao pé do Himalaia, também estudamos as possibilidades, como usar aviões não tripulados e satélite.
Não estudamos usar balões, isso é coisa do bom e velho Google [com o projeto Loon, em teste no Brasil].
Instagram, WhatsApp
As parcerias estão no nosso DNA. Sabemos que não conseguiremos fazer tudo sozinhos. O que leva a uma aquisição, como a do Instagram e a do WhatsApp, é um alinhamento realmente claro entre o que a empresa [comprada] tinha como visão interna, no caso dar voz a todos e permitir que se conectem entre si.
No caso da Oculus [empresa de realidade virtual adquirida no ano passado], a aposta é mais distante, mas, se você usar um Rift [aparelho da fabricante], entenderá imediatamente como minha avó de 91 anos na Nigéria poderia pôr isso para instantaneamente ver seu neto em Houston ou na Califórnia.