No museu do Apartheid, turista é segregado
"Temos um nome em africâner para isso. Chama-se apartheid." A frase é uma entre dezenas exibidas em vídeos no Museu do Apartheid, próximo de Johannesburgo.
Um político branco, na década de 1950, explica que a política recém-implementada é a melhor para a África do Sul, a única maneira de preservar sua cultura e valores.
A visita começa com uma provocação. O visitante é classificado como nos tempos da segregação: nativo, mestiço, asiático ou branco. E é essa classificação que determina por onde entrar.
A arbitrariedade do processo se revela imediatamente. Uma notícia de jornal de 1985 dá conta das "reclassificações" daquele ano. Tantos negros viraram mestiços, tantos mestiços viraram brancos, um asiático virou negro.
O regime não só classificava as pessoas pela cor, como também as segregava geograficamente. Mas a necessidade de ter empregados fez os brancos manterem comunidades não brancas por perto. A coisa não funcionou, mas só acabou após anos de violência.
Apartheid, em africâner, significa separação. E foi justamente a língua, derivada do holandês, que provocou o levante de Soweto, em 1976, o estopim para o fim do regime.
Em nova tentativa de limitar os negros, o regime determinou que algumas matérias fossem ministradas apenas em africâner. Os estudantes protestaram, a polícia reagiu, ocorreu o primeiro massacre.
À época preso, Nelson Mandela fez diferente. Aprendeu africâner com seus carcereiros. (JHM)