Bletchley Park
Complexo revive história de Alan Turing e da espionagem britânica
Quando os britânicos desmantelaram a Escola de Governo para Codificação e Cifragem, em 1946, pouca gente sabia da importância dessa instituição em Bletchley Park, a 45 minutos de trem de Londres, para o desfecho da Segunda Guerra (1939-45).
O complexo de barracões enfileirados em torno de uma mansão abrigou a maior central de espionagem dos aliados contra os nazistas, empregou 10 mil pessoas e pôs em ação o primeiro computador eletrônico do mundo.
A história de Bletchley é mais associada ao matemático Alan Turing, cocriador de uma máquina que decompunha mensagens inimigas (e revivido no cinema em 2014 em "O Jogo da Imitação"). A chamada Bombe desembaralhava as letras de comunicados nazistas encriptados pela máquina alemã Enigma.
Turing morreu em 1954, aos 41 anos, após ser obrigado pelo governo a fazer um tratamento hormonal para "curá-lo" da homossexualidade. Mas a fama que fez do matemático um herói de cinema é recente --pela natureza do trabalho em Bletchley Park, o então premiê Winston Churchill tentou apagar a história do lugar, e muito ficou desconhecido do público até 1992.
Naquele ano, uma incorporadora tentou comprar o terreno, mas um consórcio de historiadores, munido de doações, levou a melhor. Após 22 anos de pesquisa, ficou pronto o parque-museu (a entrada custa £17, R$ 84).
A mansão recompõe cenários como o escritório do comandante Alastair Denniston, chefe de Bletchley Park na guerra.
Turing, que teve a sala recriada no barracão 8, foi também essencial para a computação, com trabalhos que lançaram a base teórica para o computador moderno.
Por isso, um anexo abriga hoje o Museu Nacional de Computação, com a recriação do Colossus, computador eletrônico que sucedeu a tecnologia eletromecânica de Turing. Já as Bombe originais foram desmanteladas, e seus projetos, nunca encontrados.
A tentativa de um grupo de cientistas de reproduzi-las pode ser acompanhada na exposição no bloco B.