Um novo descobrimento
Cidades espanholas na Andaluzia, região de onde partiram expedições para a América, hoje atraem turistas em busca de arte, praias com sol abundante e boa mesa
Berço do flamenco, o ritmo espanhol mais universalizado, e da maior produção de azeites de oliva do mundo, a Andaluzia começa a revelar outras faces –como a da arte moderna e a da sua costa atlântica.
A região abarca todo o sul da Espanha e um de seus destinos, a cidade de Málaga, se transformou neste ano em uma das novas capitais culturais europeias.
O reconhecimento não foi à toa: no primeiro semestre deste ano, o município inaugurou, em uma mesma semana, uma filial do parisiense Centro de Artes Georges Pompidou (a primeira fora da França, também dedicada à arte moderna) e outra do museu estatal de Arte Russa de São Petersburgo, com cerca de 500 mil peças de arte de todos os tempos daquele país.
Para compor o roteiro cultural, a cidade, famosa pelos iates de Marbella, tem outros 30 museus, como a Fundação Casa Picasso, onde nasceu e cresceu o pintor cubista, o museu Picasso Málaga, que reúne 285 obras da fase mais revolucionária dele, e o museu Carmen Thyssen, com uma das maiores coleções impressionistas do continente.
Com esse pacote, a previsão do escritório de turismo local é que a cidade andaluza desbanque Bilbao, no norte da Espanha, e se torne a terceira cidade do país com o maior número de visitas a museus e instituições culturais.
Mas nem só de cultura vive Málaga. O sol abundante na região faz com que a praia seja um programa certo praticamente o ano inteiro.
Pela extensa faixa de areia, 16 praias se espalham por 14 quilômetros. Neste capítulo, o maior destaque talvez seja a praia de Malagueta, a cerca de dez minutos do centro histórico.
O passeio marítimo oferece também opções de gastronomia local, como a afamada marisqueria Godoy, com peixes frescos e saborosos e o olhar cuidadoso do dono do restaurante.
COMIDA ANDALUZA
A tradução mais genuína da cozinha da Andaluzia, no entanto, está nas mesas de Cádiz, pequena cidade no extremo sul do país que virou destino de espanhóis fugindo do turismo massivo.
Banhada pelo Atlântico, a cidade mistura o clima relaxado e informal com séculos de história. Dali saiu a primeira Constituição espanhola –homenageada com um monumento no centro– e dezenas de embarcações da época do Descobrimento, que traziam de volta espécies típicas das Américas; um pau-brasil está de pé até hoje na orla.
Uns passos mais e chega-se ao Teatro Romano, em um passeio que culmina em uma série de restaurantes de peixes fritos, petisco mais tradicional da região.
Mas o que vem chamando a atenção de turistas são as praias ao redor da cidade, como a de Barbate e Zahara de los Atunes, que contam com extensas faixas de areia banhadas pelo Atlântico e protegidas por povoados de casas brancas.
Vale um passeio a cavalo pela praia de Barbate, uma degustação de xerez em Jerez de la Frontera e um almoço no Aponiente, no porto de Santa María. O restaurante, que tem duas estrelas no guia "Michelin", serve apenas frutos do mar e curiosos pratos que são resultado de uma pesquisa que o chef fez com algas.