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15/08/2012 - 03h22

'Samba' era obra mais 'poderosa' do modernismo, diz curador

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Destruída na segunda (13) no incêndio que consumiu o apartamento do marchand Jean Boghici no Rio, "Samba", tela de Emiliano Di Cavalcanti, pintada em 1925, é considerada a maior obra do artista e a melhor representação da cultura negra realizada no modernismo brasileiro.

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Da obra, que mostra um grupo de figuras em festa, tendo duas mulheres no centro, uma delas negra, sobrou só os pés dos personagens, cerca de 30% da tela.

"Nesse quadro, Di Cavalcanti não está lidando com o folclore, e sim com uma das manifestações mais vivas da nossa cultura", diz o curador e crítico Paulo Herkenhoff.

Reprodução
"Samba", óleo sobre tela pintado por Di Cavalcanti
"Samba", óleo sobre tela pintado por Di Cavalcanti

"No modernismo não há peça tão poderosa quanto essa. É a maior manifestação da cultura negra, e também feita por um artista negro."

Tadeu Chiarelli, diretor to Museu de Arte Contemporânea da USP, equipara a importância de "Samba" à tela "A Negra", de Tarsila do Amaral, uma das obras mais emblemáticas da arte nacional.

"Essa tela tem uma monumentalidade", diz Chiarelli. "Tem o caráter do Brasil dentro do universo modernista."

Exposta logo na entrada do apartamento de Boghici em Copacabana, a obra com fortes figuras arredondadas travava um diálogo com telas de Vicente do Rego Monteiro da mesma década, também na coleção do marchand --uma delas se perdeu no incêndio.

"Era a síntese do Brasil", diz o marchand Max Perlingeiro, amigo de Boghici. "Essa sensualidade, a alegria, as cores, isso é Brasil puro."

Avaliada em mais de R$ 50 milhões, a peça é única na trajetória de Di Cavalcanti, que retratou universo semelhante só em "Cinco Moças de Guaratinguetá", importante obra do artista que hoje integra o acervo do Masp.

Fora de circulação e sem um exemplar comparável, a perda de "Samba" é considerada irreparável por críticos e analistas do mercado.

"Essa tela era um escândalo", diz Jones Bergamin, dono da casa de leilões Bolsa de Arte, que opera no Rio e em São Paulo. "Junto do 'Abaporu' e de poucos outros quadros, não tem nada com esse reconhecimento. Era uma das bandeiras da arte brasileira."

"Não há valor que pague uma coisa insubstituível dessas", diz Perlingeiro. "É uma coisa que a gente perde o fôlego, uma perda profunda."

 

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