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"Discrição não é falta de personalidade", diz ator e diretor argentino
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DE SÃO PAULO
Norberto (o ator estreante Fernando Amaral) é um autêntico "gauche na vida". Aos 36, ele trocou um emprego ruim por outro pior, não sabe que rumo dar ao relacionamento com a mulher, tem permanentes dúvidas sobre sua capacidade de ser pai e cultiva uma timidez angustiante mesmo para os padrões dos recatados uruguaios.
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O protagonista de "Norberto Apenas Tarde", primeiro longa escrito e dirigido por Daniel Hendler, é, no entanto, um personagem muito mais cativante do que digno de pena.
A empatia que Norberto desperta no espectador é mérito de um diretor que se esforçou para ser discreto e levou a sério a previsão do colega brasileiro Marco Ricca de que acabaria tornando-se um ator "insuportável" se não começasse a dirigir. Depois de protagonizar "Cabeça a Prêmio" (2009), de Ricca, Hendler volta a trabalhar com um diretor brasileiro. Ele faz uma participação especial como ator e coproduz "Entre Vales", de Philippe Barcinski, que compete na Première Brasil do Festival do Rio (27/9 a 11/10).
A seguir, trechos da entrevista de Hendler à Folha. (SILVANA ARANTES)
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Folha - Como você resumiria "Norberto Apenas Tarde"?
Daniel Hendler - Acho que é o retrato de um cara. Ou o retrato de um período particular na vida de um cara que, de repente, se vê obrigado a tomar as rédeas de sua vida. O filme mostra como um sujeito muito sonhador e que vive em negação tem que se virar para mudar e refazer sua vida, para encontrar a si mesmo, o que acaba provocando muita confusão em torno dele.
Divulgação | ||
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Fernando Amaral em cena de "Norberto Apenas Tarde", de Daniel Hendler |
O filme deixa a impressão de um diretor discreto, mas seguro do que quer. Atores, em geral, preferem a exuberância. Tentar ser um cineasta discreto lhe custou muito trabalho?
A discrição, acho, é como uma timidez na hora de conduzir alguém por áreas desconhecidas. Não me agrada fazer alarde dessa condição de "guia" que tenho que assumir ao dirigir um filme.
Ela também é consequência da soma de várias camadas narrativas, que não poderiam conviver sem essa presença tímida da câmera. A discrição, neste caso, não é falta de personalidade, mas uma forma de se aproximar da essência das coisas, sem alterá-las.
Tentei fazer com que o diretor não fosse visto por trás de cada plano, comentando tudo e enviesando o olhar do espectador. Em vez disso, tentei deixar pistas para que o espectador construísse seu próprio relato, no sentido mais apropriado
Se você imaginasse que, assim como a vida de Norberto, a história da Argentina até aqui foi um ensaio, como escreveria o futuro do país?
Se até aqui foi um ensaio, suponho que continuará sendo. Não tenho como falar do futuro da Argentina ou do Uruguai [Hendler nasceu no Uruguai e vive na Argentina], mas intuo que os obstáculos impostos pelas classes dominantes ao fortalecimento da igualdade de oportunidades e de direitos que existem hoje continuarão existindo.
A experiência de filmar "Cabeça a Prêmio" com Marco Ricca, ator que estreava na direção de longas, o ajudou a preparar "Norberto Apenas Tarde"?
Sim. Falamos muito sobre a questão ator/diretor. Eu já havia dirigido curtas e sempre me senti próximo da direção, mas a passagem para a direção de um longa soa como um salto no vazio.
Eu me lembro que Marco [Ricca], depois de algumas semanas de trabalho, percebendo meu lado mais chato, me disse que, se eu não dirigisse, iria me tornar um ator insuportável. Foi engraçado e acho que acertado.
Como é a colaboração artística entre você e sua mulher, Ana Katz, que já o dirigiu em "Una Novia Errante" e "Los Marziano"?
Sempre que trabalhamos juntos, confiamos muito no trabalho um do outro.
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