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19/09/2012 - 06h01

Álbum do trio Magico, de Egberto Gismonti, é lançado 31 anos após a gravação

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CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Egberto Gismonti ainda se diverte ao lembrar como encontrou pela primeira vez o parceiro norte-americano.

Crítica: Diferenças culturais são atropeladas por química sonora

Estava no camarim, antes de um concerto na Califórnia, em 1979, quando o já então consagrado baixista se apresentou, com seu típico jeitão de músico de jazz: "Olá, eu sou Charlie Haden".

Animado, depois de tocar alguns números com Gismonti, Haden sugeriu que telefonassem para Manfred Eicher, produtor do selo alemão ECM, pelo qual ambos já haviam feito várias gravações.

Haden queria gravar um disco com o brasileiro de qualquer maneira.

"Dias antes da gravação, em Oslo, o Manfred sugeriu que o Jan Garbarek também participasse", conta Gismonti, lembrando que o saxofonista norueguês e Haden já tocavam juntos, no grupo do pianista Keith Jarrett.

"Manfred sabia que iríamos tocar muita música brasileira e queria alguém para 'cantar' as melodias".

Ralph Quinke/Divulgação ECM Records
A partir da esquerda: Egberto Gismonti, Charlie Haden e Jan Garbarek
A partir da esquerda: Egberto Gismonti, Charlie Haden e Jan Garbarek

Assim nasceu um dos trios mais originais do jazz contemporâneo. Naquele mesmo ano, o grupo gravou "Magico" e "Folk Songs", elogiados álbuns que contribuíram para que Gismonti se estabelecesse de vez, na cena internacional, como compositor e instrumentista.

Já em abril de 1981, Eicher aproveitou uma turnê do trio, para registrar um de seus concertos, no Amerika Haus, em Munique, na Alemanha.

As gravações ficaram excelentes, mas o produtor alemão esperou três décadas para ver lançado o álbum duplo que chega ao mercado brasileiro nesta semana, em parceria com o selo paulista Borandá, antes de sair no resto do mundo.

"Houve algum mal entendido pessoal entre o Haden e o Garbarek, sobre o qual eu nunca quis entrar em detalhes", explica Gismonti, que, apesar da desativação do trio, manteve a amizade com os parceiros.

"Meu negócio é tocar. Eu brigo e 'desbrigo' com namoradas e filhos, mas jamais com músicos de quem eu gosto."

Gismonti declara que já tinha se esquecido do concerto gravado em 1981, quando recebeu, meses atrás, a notícia de que a ECM lançaria o disco.

"Por atitudes como essa eu acho o Manfred tão competente e tão reto. Ele tinha uma joia como essa na mão, mas não lançou o disco enquanto o Haden e o Garbarek não voltaram a se entender."

TESOURO

O título do CD, emprestado de uma composição de Gismonti, surgiu num bate-papo entre ele e o produtor, pela internet.

"Manfred me disse que considera esse disco um tesouro. Respondi que parecia um mapa de tesouro achado dentro de uma garrafa, na praia", conta o músico brasileiro.

"Então ele disse que o título teria de ser 'Carta de Amor', em português", afirma, revelando também que existe a possibilidade de o trio Magico retornar aos palcos.

 

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