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"Temos que limpar a área", diz secretário do Audiovisual do MinC
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O secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura, Leopoldo Nunes, que assumiu o cargo em dezembro passado, afirma que, nos últimos anos, a secretaria falhou em sua obrigação de acompanhar e prestar contas do convênio firmado com a Sociedade Amigos da Cinemateca.
Cinemateca tem contas limitadas, perde funcionários e congela planos
"Uma vez que isso aconteceu, agora temos que limpar a área; fazer o que não foi feito", afirmou, em entrevista à Folha.
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Folha - O MinC desconfia de que houve desvio de recursos na Cinemateca?
Leopoldo Nunes - Não. Em hipótese alguma. Não temos nenhuma condição de emitir juízo sobre isso. Sinceramente, não temos, porque muita coisa foi realizada --os planos de trabalho, desde preservação, de coisas invisíveis, até coisas físicas, visíveis. Não dá para dizer isso. Quem tem que dizer são os órgãos responsáveis.
Funcionários preveem paralisação de atividades e retrocesso no desempenho das funções da Cinemateca. O que o MinC diz?
Talvez seja a oportunidade de a Cinemateca ganhar uma maturidade institucional que ela nunca teve. Ela tinha 4/5 dos funcionários terceirizados. Você não sustenta uma instituição federal com 1/5 de funcionários concursados. Aí, quando acontece uma crise dessas, a primeira coisa que ocorre é terceirizado ser desligado. Foi o que aconteceu agora. Ela tinha uma fragilidade institucional jurídico-administrativa muito forte. Isso a gente vai ter que resolver agora.
O MinC tem um plano emergencial para substituir os funcionários desligados?
Não os funcionários. Os funcionários não respondiam ao ministério, respondiam à SAC, a planos de trabalho. A Cinemateca não vai parar, não vai fechar. Graças ao esforço da ministra, conseguimos excepcionalidade para essa fase de transição, porque a gente lida com matéria sensível.
Quem assume a direção da Cinemateca?
Estamos numa fase excepcional de atender esses requisitos que deveriam ter sido observados há cinco anos. No mínimo, mais seis meses.
De interinidade de Olga Futema na direção?
No mínimo. Espero que Olguinha, a nossa "generala" aguente bravamente a missão. Quanto aos servidores, é preciso ser constituído um corpo de servidores. Na verdade, você tem 22 servidores lá. O restante é free-lancer. É a oportunidade de ajustar um monte de coisas.
Preocupa a condição de preservação do acervo.
Eu diria que a situação da Biblioteca Nacional é melhor do que a da Cinemateca.
Então a Cinemateca chegou ao fundo do poço?
Não. A Cinemateca ficou muito bonita por fora, mas ela tinha 15 preservadores, por exemplo, em 2002. Hoje ela tem três.
O ministério avalia, portanto, que a Cinemateca se desvirtuou de suas funções?
Não. Não desvirtuou. Ela cresceu. Cresceu muito. Ela praticamente dobrou o acervo nesse período. Ela tem 400 mil latas de 1 milhão de latas existentes no país, mais ou menos. Muita coisa foi digitalizada; muita coisa foi investida em restauração, em ampliação e adequação física, uma série de coisas. E o desafio ainda é enorme. Na verdade, você tinha uma instituição com vinte e poucos funcionários concursados e 150 funcionários terceirizados. Aí, [a] qualquer "crisezinha", a primeira coisa o cara bota a culpa no Ministério da Cultura. Há uma oportunidade agora de se constituir um corpo definitivo.
Termina o termo de parceria entre a secretaria e a Sociedade Amigos da Cinemateca?
Não é que termina. Ele terminou. Foi repassado praticamente todo o recurso, só que não foi prestado conta disso nesse período. Não foi problema da Cinemateca; foi problema da SAv. Estamos conversando muito amistosamente, o conselho assumindo o papel dele, a responsabilidade dele.
Os cineastas que depositam as matrizes de seus filmes na Cinemateca podem ficar tranquilos?
Cada vez mais. Não se compara o que a Cinemateca era há dez anos. Temos uma das melhores do mundo nisso. Mas esse trabalho tem que ser completado. O investimento na Cinemateca vai continuar. Investimos R$ 200 milhões na Cinemateca nos últimos dois anos. Está aí um tremendo reconhecimento da importância da Cinemateca.
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