Leia três poemas de Alexandre Barbosa de Souza
SOBRE O TEXTO Os poemas aqui publicados fazem parte de "Vinagre", que o autor lança, pela editora Laranja Original, na Bienal do Livro de São Paulo (de 26 de agosto a 4 de setembro).
Rafael Campos Rocha | ||
Dada
não queres que o tomilho caia
sussurrarás
.
assim ficaremos
sem açafrões sobressalentes
.
azeviches não: ágatas tingidas
ônix: unhas de vênus
.
todos os meus amigos têm
porsches, sido campeões em tudo
.
no toalete sujei tua lente
eis aqui os caquis que esqueci no táxi
Rafael Campos Rocha | ||
Adágio
No verão, na montanha,
Se uma andorinha, dois coelhos,
Um cavalo dado e um peixinho
Atirarem-lhe uma cajadada nos dentes,
Faça uma canoa, filho de peixe;
Maomé só com limonada
*
[para Renato Braz]
Um dia
Num parque do velho Norte
Encontrei um monumento imaginário
Tinha a forma de um leão-marinho
Com braços de asas e mãos de urso
O rosto da perfeita paz de um filhote
De pantera e de fato era de bronze como um sino
Sobre ele o musgo crescia
O que só lhe conferia maior beleza
Diante dele quedei-me como
Diante de uma árvore da infância
Não estava escrito mas eu sabia
Aquele era o monumento do canto pacífico
E quando eu mais precisei ele abriu sua boca
E cantou com a tua voz
ALEXANDRE BARBOSA DE SOUZA, 43, editor, tradutor e poeta, é autor de "Livro Geral".
RAFAEL CAMPOS ROCHA, 46, é ilustrador e cartunista.
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade