Descrição de chapéu Fórum Econômico Mundial

Eleição não atrapalha reformas, diz Temer em Davos

Crédito: Denis Balibouse/Reuters Brazil's President Michel Temer gestures as he speaks during the World Economic Forum (WEF) annual meeting in Davos, Switzerland January 24, 2018 REUTERS/Denis Balibouse ORG XMIT: DAV32
O presidente Michel Temer durante discurso no Fórum Econômico Mundial, em Davos

DAS ENVIADAS ESPECIAIS A DAVOS

Em jantar organizado pelo Fórum Econômico Mundial, nesta quarta (24), em Davos, na Suíça, para debater as mudanças em curso no Brasil, o presidente Michel Temer afirmou aos convidados —empresários, acadêmicos, executivos e políticos— que não não há a "menor possibilidade" de as eleições deste ano atrapalharem a recuperação do Brasil. A pergunta tem sido recorrente em apresentações do governo brasileiro.

"Quando as pessoas dizem que as eleições podem atrapalhar, eu digo pois então muito bem, um candidato que queira se opor ao governo terá que dizer: olha aqui, eu sou contra o teto dos gastos públicos, quero gastar tudo que for possível e impossível (), sou contra a reforma do ensino médio", disse.

"Vai ter que dizer sou contra modernização trabalhista. Eu sou pela inflação de 10,28%, e não por essa inflação medíocre de 2,8% a que chegamos. Eu sou por juros de 14,25%, e não de sete pontos", continuou Temer, arrancando risos dos convidados.

O evento, com o título "Dando Forma à Nova Narrativa Brasileira", contou com os coanfitriões da edição latino-americana do Fórum, que será em São Paulo, em março: a colunista da Folha Maria Cristina Frias, o CEO do Itaú, Candido Bracher, e o do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o chairman da Nestlé, Paul Bulcke, a diretora da escola de governo da Universidade de Oxford, Ngaire Woods, Michael Gregoire, CEO da CA Technologies (dos EUA), e Alejandro Ramírez, CEO da Cinépolis (México), sob mediação da diretora de estratégia regional do Fórum Econômico Mundial para América Latina, Marisol Argueta de Barillas.

Temer afirmou que existe "confiança absoluta no Brasil" e insistiu na questão da segurança institucional, repetida em sua passagem por Davos nesta quarta-feira, dando fim a um hiato de três anos em que o país não teve presidente no encontro anual do Fórum.

"Temos segurança jurídica no país, as instituições estão funcionando. O país está tão institucionalmente estabelecido que não há a menor possibilidade de a eleição atrapalhar a recuperação."

Ele também se lembrou do conselho que recebeu do publicitário Nizan Guanaes para que aproveitasse sua impopularidade para promover reformas, disse que se preocupou "com a história e com o país" e as fez. Mostrou-se crítico à onda de políticos que pedem votos alegando não serem políticos -que vai de Donald Trump a João Doria.

"Ora, isso é a negação da política, porque precisamente quem nela ingressa vai comandar a pólis." O presidente pareceu à vontade, embora cansado após discursar pela manhã e receber 12 empresários, executivos e governantes ao longo da tarde.

Além dele, também falaram os coanfitriões. Para o ministro Henrique Meirelles (Fazenda), o formato do evento inverteu papéis e fez com que os integrantes do governo mais ouvissem do que falassem. "Foram as empresas que contaram o que está acontecendo no Brasil."

Temer retornou após o jantar a Zurique, de onde parte nesta quinta (25) às 9h de volta para o Brasil. Parte da delegação brasileira, porém, permanece em Davos.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.