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Dólar cai em dia de pressão global com protestos na China

Real entrega melhor retorno entre principais moedas; Bolsa tem leve queda

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São Paulo

Os protestos na China influenciaram negativamente os principais mercados globais nesta segunda-feira (28), mas não impediram uma ligeira melhora de parte dos indicadores financeiros do Brasil. Houve ganhos para algumas ações de empresas do setor de matérias-primas, que têm o país asiático como principal destino para suas exportações, embora analistas tenham visto o movimento apenas com uma correção de ativos que foram exageradamente desvalorizados recentemente.

O dólar comercial à vista fechou em queda de 0,83%, cotado em R$ 5,3650 na venda. O real obteve o melhor desempenho frente ao dólar entre as principais moedas nesta sessão que, em geral, apresentou valorização internacional da divisa americana.

O índice Ibovespa, referência para a Bolsa brasileira, caiu 0,17%, aos 108.782 pontos.

Petrobras e Vale subiram 2,39% e 0,91% e, com isso, impediram uma queda mais acentuada do principal indicador do mercado acionário doméstico.

Notas de um dólar
Notas de um dólar - Dado Ruvic/Reuters

Na ponta negativa do Ibovespa, o destaque é para as fortes quedas no setor de varejo após resultados da Black Friday que foram considerados fracos. Americanas, Via e Lojas Renner despencaram, nessa ordem, 9,68%, 6,70% e 4,42%.

No mercado de juros, a taxa DI (depósitos interbancários) para 2024 recuou para 14,28% ao ano, após ter fechado a semana passada em 14,48%.

Analistas apontaram que as valorizações do real e de algumas ações na Bolsa responderam a um movimento de correção após seguidas quedas diante dos temores de que a PEC da Transição passasse pelo Congresso sem alterações, o que seria visto como um cheque em branco para que o governo eleito ampliasse exageradamente os gastos do país.

"É um pouco de correção", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, em entrevista para a agência Reuters.

A moeda e algumas ações de empresas do Brasil também podem ter sido beneficiados pela expectativa de que o governo do presidente chinês Xi Jinping siga criando estímulos econômicos para amenizar os efeitos do confinamento de moradores e interrupção de atividades econômicas no país para controlar as infecções por Covid, segundo Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital.

"Temos visto um posicionamento favorável ao mercado do governo chinês, reduzindo taxas de modo que isso possa fomentar a economia e o desenvolvimento das áreas primárias do país", diz Izac. "Esse posicionamento fez o preço do minério de ferro rodar ligeiramente no positivo e isso evitou uma queda maior de algumas empresas brasileiras do setor de materiais metálicos", disse.

Izac reforçou, porém, que a potencial queda do consumo global devido à crise na China é majoritariamente negativa para os mercados de ações.

No exterior, todos os principais indicadores de Wall Street recuaram. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq perderam 1,45%, 1,54% e 1,58%, respectivamente.

Analistas internacionais também atribuíam a baixa das Bolsas globais às preocupações com os protestos na China contra a política de severas restrições para controle da pandemia de Covid-19.

"Se você continuar com bloqueios contínuos, a demanda do consumidor será prejudicada, haverá um efeito contínuo nas cadeias de suprimentos e pode haver uma queda na demanda por commodities importantes", disse Susannah Streeter, analista sênior da Hargreaves Lansdown, ao The Wall Street Journal.

As manifestações começaram no fim de semana, depois que um incêndio em Urumqi, capital da região de Xinjiang, matou dez pessoas. Segundo manifestantes, o corpo de bombeiros demorou para agir por conta das restrições.

Essa tensão também tinha reflexos no mercado de matérias-primas. O petróleo Brent, referência para os preços praticados no Brasil, recuava a 1,11% no fim da tarde, a US$ 82,70 (R$ 441,62), no menor patamar em relação aos valores de fechamento desde janeiro.

A matéria-prima reverteu parte das perdas ao longo do dia, porém, com o surgimento de rumores de o cartel de países produtores e seus aliados, conhecidos pela sigla Opep+, pretendem reduzir a produção. Esse movimento de diminuição da oferta tende a valorizar o produto.

"O que se ouve nas ruas é que há rumores de que a Opep+ já está começando a apresentar a ideia de um corte na produção no domingo", disse Matt Smith, principal analista de petróleo da Kpler. "Isso ajudou a reverter as perdas causadas durante a noite pelos protestos chineses."

Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, ainda apontou que os mercados no exterior ficaram ainda mais pressionados após um dos integrantes do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) ter reforçado que a autoridade monetária continua a elevar sua taxa de juros.

James Bullard, presidente do Fed de St. Louis, disse que é necessário aumentar mais a taxa de juros para obter o controle da inflação e reduzi-la em direção à meta de 2%. "Temos um longo caminho a percorrer", disse Bullard.

Com Reuters

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