Descrição de chapéu indústria

Skaf assina com Josué nota conjunta por paz na Fiesp

Ex-presidente da entidade foi apontado como articulador da pressão sobre a administração atual

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), Josué Gomes, e seu antecessor, Paulo Skaf, assinam nota conjunta que promete ser o "tratado de paz" da entidade.

Fechado nesta quinta-feira (26), o acordo deve encerrar meses de uma briga tornada pública, que incluíram pedidos de assembleia, votação pela destituição do atual dirigente, posse interina de um vice e até notificação extrajudicial.

"Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências", dizem Skaf e Josué no documento ao qual a Folha teve acesso.

Na nota, os dois afirmam ter refletido juntos sobre a situação da indústria e da federação, e que decidiram usar "toda nossa energia, capacidade de liderança e de articulação" para fortalecer a entidade e, a partir dela, o processo de reindustrialização do Brasil.

0
Josué Gomes, atual presidente da Fiesp, e Paulo Skaf, seu antecessor, durante cerimônia de posse em 2021 - Jardiel Carvalho-09.dez.21/Folhapress

O documento foi construído nesta quinta durante o decorrer do dia e divulgado pela Fiesp no fim da tarde.

Josué Gomes havia feito os primeiros acenos por pacificação no início da semana, quando se reuniu com sindicatos e garantiu que as entidades teriam mais espaço na composição dos conselhos superiores e dos departamentos.

Na reunião marcada para discutir a criação de um comitê de aperfeiçoamento de governança, o presidente da Fiesp também teria dito, segundo dirigentes presentes ao encontro, que buscaria os que votaram por sua deposição para tentar uma conciliação.

No mesmo dia, dirigentes da oposição ouvidos pela Folha já falavam nessa possibilidade, mas apontavam que o aceno teria de partir de Josué. O aceno veio.

Um ponto de tensão na relação entre o atual presidente e os sindicatos é a composição dos departamentos e conselhos superiores. Na avaliação de dirigentes, a gestão de Josué Gomes deu muito espaço para pessoas alheias à indústria, dificultando do acesso dos sindicatos à Fiesp.

A reclamação não partia apenas da oposição. Mesmo entre dirigentes contrários às tentativas de destituição de Josué Gomes, a montagem dessas instâncias internas era alvo de críticas. Na reunião de segunda, Josué garantiu que isso seria corrigido e que a presença de indicados pelos sindicatos aumentaria.

Também nesse encontro de segunda, houve a sugestão de que Josué e Skaf se encontrassem. O ex-presidente da Fiesp é apontado como um incentivador da rebelião contra a atual gestão. Seus aliados na direção o defendem e dizem que ele foi procurado pelos insatisfeitos quando o relacionamento com o atual presidente já tinha desandado.

A briga interna da Fiesp viveu seus momentos mais tensos no dia 16, quando uma assembleia votou pela destituição de Josué Gomes da presidência da entidade, e no dia 20, quando Elias Miguel Haddad, o mais velho entre os 21 vice-presidentes da Fiesp, com 95 anos, informou sindicatos e funcionários que tomado posse interinamente.

Naquele dia, Josué Gomes se manifestou pela primeira vez sobre o assunto, classificou como clandestina a assembleia que votou por sua destituição. "Tal atitude isolada, desproporcional, irresponsável", escreveu, "acaba por provocar riscos econômicos, jurídicos e trabalhistas em nossa entidade."

A assembleia em que 47 representantes de sindicatos votaram pela destituição de Josué Gomes foi realizada sob condições incomuns. No mesmo dia 16, o presidente da Fiesp comandou uma plenária extraordinária convocada por ele para responder a 12 questionamentos feitos pelo conselho de representantes da entidade em ofício enviado no ano passado.

Entre pedidos para falar e reclamações, a assembleia durou quase cinco horas. Ao final, Josué Gomes colocou em votação se seus argumentos tinham sido considerados satisfatórios. A maioria disse que não, a reunião terminou e pouco depois das 19h, Josué deixou o prédio da avenida Paulista. Aos poucos, outros 30 dirigentes também foram embora.

Uma segunda assembleia foi iniciada e, nela, 47 dirigentes votaram pela destituição do atual presidente, 2 se abstiveram e 1 votou contra, totalizando 50 votos. Quando a assembleia começou, 86 representantes de sindicatos estavam na sala de reuniões do 15º andar.

Leia a nota conjunta na íntegra:

"São Paulo, 26 de Janeiro de 2023

Nas últimas semanas a Fiesp passou por momentos de discussões, internas e públicas, que representaram um dos grandes desafios na história de mais de 90 anos de nossa entidade. Diante disto, estivemos juntos refletindo sobre nossa Federação, a situação da Indústria e sua inserção no quadro de intensas transformações não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Concluímos que cabe a nós dar o exemplo de superação de divergências.

Assim, decidimos usar toda a nossa energia, capacidade de liderança e de articulação para fortalecer a nossa entidade e impulsionar, a partir dela, o processo de reindustrialização do nosso País, fundamental para o avanço socioeconômico e a realização das mais nobres aspirações de nossa população.

Isso passa por uma gestão mais ampla e abrangente da Fiesp. Acreditamos que a participação de todos os sindicatos filiados, por meio de suas lideranças, seja fundamental para o bom funcionamento da entidade. Também é fundamental que o reconhecimento àqueles setores formados por empresas pequenas e médias, fundamentais empregadoras, seja contínuo e representativo.

Trabalharemos juntos visando a contínua melhoria do funcionamento da nossa entidade e buscando atingir nosso propósito de impulsionar o desenvolvimento sustentável da nossa Indústria e do nosso País.

Conclamamos a todos que abandonem eventuais diferenças e se unam a nós nesta jornada, com a certeza de que estamos fazendo o melhor pela Fiesp e pelo Brasil."

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.