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22/08/2012 - 21h10

Nove irmãos italianos somam 818 anos de idade

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TOM KINGSTON
DO "GUARDIAN"

Médicos, nutricionistas e videntes procuram há muito tempo identificar o segredo da longevidade. De acordo com nove irmãos da Sardenha que na terça-feira foram reconhecidos como os mais velhos do mundo, em termos de suas idades somadas, a resposta é simples: minestrone [sopa tradicional italiana feita com vegetais].

A pessoa mais velha da família Melis, Consolata, vai completar 105 anos na quarta-feira. Sua irmã mais nova, Mafalda, tem 78, e é apelidada por seus irmãos de "a Pequena".

"É incrivelmente raro haver um número tão grande de irmãos vivos com idade média superior a 90 anos", disse o editor-chefe do "Guinness World Records", Craig Glenday.

Ettore Loi/France Presse
Consolata Melis, que completou 105 anos, com três dos seus irmãos; juntos, os nove irmãos completam 818 anos
Consolata Melis, que completou 105 anos, com três dos seus irmãos; juntos, os nove irmãos completam 818 anos

Os irmãos Melis são da comuna de Perdasdefogu, na província montanhosa de Ogliastra.

"Acreditamos que Ogliastra possui a maior proporção mundial de centenários per capita", acrescentou Glenday.

Cientistas vêm tentando identificar o que leva os sardos a ter vida tão longa --371 deles têm mais de 100 anos, ou seja, há 22 centenários para cada 100 mil sardos. Eles citam a herança genética, a dieta mediterrânea frugal e o estilo de vida ativo.

"Comemos comida de verdade, ou seja, muito minestrone e pouca carne, e estamos sempre trabalhando", disse Alfonso Melis, 89 anos, que escapou por pouco de ser capturado por soldados nazistas na Segunda Guerra Mundial e hoje pode ser encontrado discutindo spreads de títulos de dívida com fregueses no café que comanda.

"Em cada momento livre que tenho, estou em meu vinhedo ou na horta, onde cultivo feijão, berinjela, pimentões e batatas", ele disse ao "Guardian".

Sua irmã Claudia, 99, que ainda vai à igreja todas as manhãs, comentou: "O negócio é continuar a trabalhar e comer minestrone, feijão e batatas".

Consolata, que teve 14 filhos --nove dos quais ainda estão vivos--, 24 netos, 25 bisnetos e três trinetos, ainda cozinha e ainda alimenta suas cabras.

"Meus netos têm lava-roupas, lava-louças e aspiradores de pó, e, quando os ouço falar que estão estressados, eu não entendo", ela disse ao jornal "Corriere della Sera", falando em seu dialeto sardo.

O homem mais velho do mundo é Jiroemon Kimura, 114, do Japão. Mas Glenday disse que sete das 70 pessoas no mundo que sabidamente têm mais de 110 anos são italianas.

E a Sardenha é um ambiente perfeito para produzir centenários. "O DNA local está adaptado à vida longa e não foi diluído, e as proteínas celulares dos sardos também são benéficas", comentou Luca Deiana, professor de bioquímica e biologia molecular na Universidade de Sassari, na Sardenha, falando ao "Guardian".

"Na Sardenha venta muito, e isso muda o ar que as pessoas respiram. Não há grandes extremos de temperatura, e os campos magnéticos ajudam. A prevalência da agricultura e do pastoreio significa que as pessoas são fisicamente ativas."

Para Deiana, outra explicação está na alimentação. "Um copo de vinho tinto e um naco de queijo de ovelha ou de ricota de cabra formam uma refeição típica destes centenários. São alimentos locais, genuínos."

Para ele, ainda outro fator crucial é o afetivo. "Os idosos sardos vivem com suas famílias e são respeitados como as memórias vivas de suas comunidades."

Marta, 79, que é filha de Claudia Melis e vive com sua mãe, comentou: "Somos uma família muito unida. Todo o mundo deveria ser assim."

A única desvantagem de se viver em Perdasdefogu é o fato de a comuna ficar na beira de um grande sítio militar de teste de armas, Salto di Quirra, que está sendo investigado por poluir pastagens, depois de a incidência de câncer ter subido entre os moradores locais.

Mas Adolfo Melis discorda: "Meu irmão Antonio, que tem 93 anos, trabalhou 25 anos em Salto di Quirra. Vocês podem ver que não somos um vilarejo de doentes."

Tradução de CLARA ALLAIN

 

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