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China expõe preocupação com protecionismo a candidato brasileiro à OMC
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MARCELO NINIO
DE PEQUIM
Em mais uma escala da maratona que já incluiu mais de 40 países em apenas dois meses, o candidato brasileiro à direção da OMC (Organização Mundial do Comércio), Roberto Azevêdo, esteve nesta quarta-feira em Pequim em busca do apoio do governo da China.
O protecionismo comercial, prática da qual o governo brasileiro tem sido acusado por membros da OMC, foi uma das questões abordadas pelo ministro do Comércio chinês, Gao Hucheng, na conversa com Azevêdo.
De acordo com o diplomata brasileiro, o ministro chinês enfatizou a importância que as regras da OMC tiveram para evitar um cenário de "protecionismo desenfreado" depois da crise financeira de 2008.
Azevêdo, que assumiu o posto de embaixador do Brasil na OMC justamente naquele ano, não quis falar das chances de sua candidatura receber o apoio de Pequim. Limitou-se a dizer que o encontro foi "excelente".
Em conversa com a Folha, a diretora do departamento de OMC do ministério do Comércio chinês disse que vê com simpatia a candidatura do brasileiro, mas não revelou como Pequim se posicionará no processo de seleção. "Gostaríamos de ver um candidato forte na direção da OMC e damos prioridade a países em desenvolvimento", afirmou Chai Xiaolin.
Numericamente, pelo menos, a vantagem é clara: entre os nove postulantes ao cargo hoje ocupado pelo francês Pascal Lamy, somente um, o da Nova Zelândia, é de país desenvolvido.
Segundo Azevêdo, a questão cambial, objeto de divergências entre Brasil e China, não foi citada pelo ministro chinês no encontro de ontem
Sentindo-se prejudicado em suas exportações pela valorização do real, o Brasil defende um mecanismo na OMC para corrigir desequilíbrios causados pela desvalorização artificial de divisas como a chinesa, mas encontra resistência de Pequim.
Para o diplomata brasileiro, o fato de o tema não ter sido citado na conversa de ontem indica que a divergência não tende a comprometer um possível apoio da China a sua candidatura.
Azevêdo preferiu enfatizar as "coincidências" de posição, sobretudo a necessidade de destravar as negociações da Rodada Doha de liberalização comercial, mergulhadas numa espécie de coma desde a reunião ministerial de Genebra de 2008.
Caso seja o escolhido para dirigir o órgão máximo do comércio mundial, num processo que terá início em 2 de abril e será decidido por consenso, o brasileiro diz que essa será sua prioridade.
"Estamos com quase meio século de defasagem nas regras multilaterais de comércio", diz Azevêdo; "Precisamos retomar as negociações para que as regras reflitam o mundo de hoje".
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