O governo turco impôs na segunda-feira (13) sanções diplomáticas à Holanda, suspendendo as relações de alto escalão e agravando a recente crise entre ambos.
O embaixador holandês em Ancara, atualmente fora de seu posto, não poderá voltar ao país, cujo espaço aéreo será fechado a outros diplomatas da Holanda.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, comparou o governo Holandês com nazistas e ameaçou impôr sanções, discutidas na segunda-feira por seu gabinete.
Entre as medidas podiam estar incluídas não só sanções econômicas como outras que afetassem também as atividades culturais e a cooperação militar.
A proposta pode prejudicar a própria Turquia. A Holanda é responsável pelo investimento direto no país equivalente a R$ 70 bilhões e 900 mil holandeses estiveram ali a turismo em 2016.
Erdogan ameaçou, ainda, ir ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos reclamar contra o tratamento dado pela Holanda a seus ministros.
A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu a Holanda na segunda-feira criticando a comparação feita por Erdogan. A menção ao nazismo, afirmou, "banaliza o sofrimento". "É completamente inaceitável. A Holanda pode contar com o meu completo apoio e solidariedade."
Erdogan, em resposta, acusou Merkel de "apoiar terroristas". Ele tem reincidido nessas ameaças desde que, em resposta à tentativa de golpe militar em 15 de julho, endureceu seu governo e foi alvo de críticas da UE.
DISPUTA
A disputa entre a Holanda e a Turquia coincide com eventos políticos decisivos para ambos os países.
Holandeses votam nesta quarta-feira (15) em suas eleições gerais, nas quais o radical PVV (Partido para a Liberdade) deve chegar em primeiro ou segundo lugar.
O PVV se baseia em um discurso contrário à migração e ao islã, e se beneficia dos embates com a Turquia.
Turcos também votam em breve, com um referendo programado para 16 de abril, que pode expandir os poderes do presidente Erdogan e extinguir o cargo de premiê.
Nesse caso, o governo turco é favorecido pelo endurecimento de suas declarações públicas e pela ideia de que é urgente ter uma Presidência forte para fazer frente a seus rivais —que incluem militantes sírios nas fronteiras.
Mas a possibilidade de que Erdogan concentre seu poder levou a Comissão Europeia a anunciar em um comunicado, na segunda, que irá analisar a decisão, levando em conta a candidatura turca à União Europeia.
Diversos outros países europeus, inclusive a Alemanha, impediram políticos turcos de fazer comícios.
Há receio de que comunidades de expatriados sejam inflamadas pela retórica populista de Erdogan. Estima-se que 400 mil cidadãos turcos morem hoje na Holanda.
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