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Polícia e manifestantes entram em confronto em Paris em ato no 1º de Maio

Ao menos 45 pessoas foram detidas e 12 agentes ficaram feridos em protesto contra reforma no seguro-desemprego

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São Paulo

A polícia francesa prendeu 45 pessoas em Paris nesta quarta-feira (1º) depois que manifestantes entraram em confronto com agentes durante os tradicionais protestos do Dia do Trabalho na França.

De acordo com as autoridades, 12 policiais ficaram feridos, e as forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e cassetetes para dispersar os manifestantes. A central sindical CGT (Confederação Geral do Trabalho, na sigla em francês) afirmou que 50 mil pessoas foram às ruas em Paris e 200 mil em toda a França. Já o governo disse que havia 18 mil manifestantes na capital e 121 mil ao redor do país.

Manifestantes marcham nas ruas de Paris durante tradicional protesto do Dia do Trabalho na capital francesa - Olympia de Maismon - 1.mai.24/AFP

A principal pauta dos manifestantes foi o aumento do custo de vida na França, os ataques de Israel à Faixa de Gaza, e a reforma do seguro-desemprego. O plano para endurecer a concessão de benefícios para pessoas desempregadas foi anunciado pelo primeiro-ministro Gabriel Attal no último dia 27. Entre outras mudanças, o governo quer encurtar o período pelo qual o trabalhador recebe o benefício.

Hoje, quem é demitido na França e tem menos de 53 anos tem direito ao seguro-desemprego por até 18 meses, e a concessão pode chegar até 27 meses em alguns casos. Attal disse que a reforma não deve encurtar esse período para menos do que 12 meses. No Brasil, o seguro-desemprego é pago pelo INSS em, no máximo, cinco parcelas.

Se for aprovada, essa seria a quarta reforma sobre o tema a ser realizada na França desde 2017, quando o presidente Emmanuel Macron chegou ao poder pela primeira vez, de acordo com levantamento do jornal francês Le Monde. As sucessivas mudanças na lei tem como objetivo modernizar o mercado de trabalho francês, segundo o governo, e tem enfrentando resistência de movimentos trabalhistas e dos sindicatos, historicamente poderosos no país.

Ainda assim, os números e a violência dos protestos deste ano foram bem menores do que os protestos de Primeiro de Maio de 2023, quando mais de 2 milhões de pessoas na França aproveitaram a data para se manifestar contra a reforma da Previdência sancionada por Macron menos de um mês antes. Nas manifestações do ano passado, um policial foi atingido por um coquetel molotov e ficou gravemente ferido, e 291 pessoas foram presas.

A lei que aumentou a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos ameaçou o governo Macron e causou alguns dos protestos mais violentos dos últimos anos na França. O presidente adotou uma retórica dura contra sindicatos e manifestantes, comparando as cenas de violência à invasão do Capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 e dizendo que não cederia aos protestos.

Macron também foi criticado pela forma como aprovou a polêmica lei —ele recorreu a um artigo da Constituição para evitar submeter o texto à Assembleia Nacional depois da sua aprovação no Senado, um dispositivo considerado pouco democrático. Além disso, o texto da reforma foi assinado e publicado no Diário Oficial na madrugada do dia 15 de abril, enfurecendo sindicalistas e a oposição à esquerda.

Também em Istambul, capital da Turquia, mais de 200 pessoas foram presas depois que as autoridades proibiram uma manifestação de Primeiro de Maio na tradicional Praça Taksim, palco de protestos contra o governo de Recep Tayyip Erdogan. Cerca de 40 mil policiais foram mobilizados para tentar impedir que o protesto fosse realizado, e utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar o ato.

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