Se há um ponto sobre o qual os integrantes da cúpula do governo de Donald Trump não divergem ao comentar o ataque à Síria na última semana é que os próximos passos dos EUA no país dependerão agora da reação do ditador Bashar al-Assad.
A falta de um plano para a ação na Síria, no entanto, não preocupa só por sinalizar uma possível impulsividade, mas também por tornar a política dos EUA para a região refém das ações de Assad.
Neste domingo (9), o secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que o ataque à Síria é um sinal para outros países, sobretudo Coreia do Norte.
A declaração é um sinal de que a política externa do governo Trump, que ainda pena para entrar nos trilhos, pode ser empurrada para uma abordagem reativa.
Neste domingo, a embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, disse à CNN que a mudança de regime na Síria é "uma prioridade" do governo Trump, junto com o combate à facção terrorista Estado Islâmico e à influência iraniana no país árabe.
"Não vemos uma Síria pacífica com Assad [no poder]", disse ela no programa "State of the Union".
Tillerson, por sua vez, manteve a posição inicial do governo Trump, de que a saída de Assad é decisão do povo sírio, e de que o foco americano é "derrotar o EI".
A declaração se dá antes da viagem de Tillerson à Rússia, principal aliada de Assad, nesta semana.
"Nós vimos o que houve com uma mudança de regime violenta na Líbia. A situação no país continua muito caótica. Acho que temos que aprender a lição do que deu errado na Líbia", disse ele.
As especulações sobre um novo padrão a partir do ataque à Síria se devem, sobretudo, ao fato de não haver clareza sobre as diretrizes da política externa de Trump nem sobre quem a lidera, passados dois meses de governo.
Desde o início do governo, Tillerson tem sido ofuscado em decisões que caberiam à sua pasta por outros membros do gabinete de Trump, como o genro do presidente, Jared Kushner, e agora Haley.
Kushner foi enviado por Trump ao Iraque e teve papel importante nas conversas iniciais com Israel e China. Já Haley virou a voz mais forte contra a Rússia.
O Departamento de Estado é um dos órgãos mais afetados pelos cortes de Trump no Orçamento para que o governo aumente os gastos militares, e a pasta ainda tem altos cargos em aberto.
Na Casa Branca, o estrategista-chefe, Steve Bannon, importante voz também para política externa, perdeu espaço ao deixar o Conselho de Segurança Nacional em sua reformulação recente.
O movimento, coordenado pelo novo conselheiro de Segurança Nacional, o tenente-general H. R. McMaster, mostra que ele agora também é peça imprescindível no tabuleiro externo de Trump.
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