Com Trump enfraquecido, Xi Jinping impulsiona ascensão global da China

JANE PERLEZ
DO "NEW YORK TIMES", EM PEQUIM

Nenhum lugar do mundo parece ser pequeno demais, próximo ou distante demais para o presidente da China, Xi Jinping, viajante mundial experiente.

Xi já viajou às ilhotas de Fiji, no Pacífico, percorreu os países vizinhos da Ásia Central e assinalou seu interesse na Antártida fazendo uma visita à Tasmânia, ao sul da costa meridional da Austrália. Este mês ele enviou navios de guerra chineses para ancorar em Londres, mostrando ao mundo quanta coisa mudou desde que a diplomacia britânica conduzida com navios de guerra humilhou a China no século 19.

No Congresso do Partido Comunista que está em curso e que até a quarta-feira (25) está previsto para lhe conceder um segundo mandato de cinco anos, Xi está promovendo uma visão de rejuvenescimento nacional. E um elemento fundamental de suas ambições é uma campanha ampla para reconduzir a China ao que Xi considera ser seu lugar de direito como potência global.

Mas o governo australiano agora estuda impor novos limites às contribuições a campanhas, adotar restrições a investimentos estrangeiros e implementar leis mais rígidas de contrainteligência. A Austrália também quer fortalecer seus laços de segurança com a Índia e o Japão.

"O Estado partidário chinês se excedeu no esforço para influenciar as escolhas da Austrália", explicou Rory Medcalf, diretor da faculdade de segurança nacional na Universidade Nacional Australiana.

A preocupação em relação à ingerência política da China também vem crescendo na Nova Zelândia, onde um representante governamental chinês recentemente aconselhou jornalistas na língua chinesa a coordenar sua cobertura dos fatos com a cobertura feita pela imprensa oficial chinesa.

"Nunca imaginei que o nível de orientação fosse tão direto", disse Anne-Marie Brady, professora de política chinesa na Universidade de Canterbury, em Christchurch, e autora de um estudo acadêmico recente sobre os esforços de Pequim na Nova Zelândia.

Shi, o professor de relações internacionais, disse que "a atitude negativa de Trump em relação ao comércio mundial liberal e à mudança climática" animou Xi a adotar um papel mais ativo no palco global.

Mas ele opinou que os esforços da China para influenciar a opinião pública e a política em outros países são uma extensão natural da estatura crescente do país no mundo, e não apenas frutos da liderança de Xi Jinping.

Para ele, a China hoje dispõe de recursos financeiros e humanos maiores e tem ambições maiores também.

Tradução de CLARA ALLAIN

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.