Nenhum lugar do mundo parece ser pequeno demais, próximo ou distante demais para o presidente da China, Xi Jinping, viajante mundial experiente.
Xi já viajou às ilhotas de Fiji, no Pacífico, percorreu os países vizinhos da Ásia Central e assinalou seu interesse na Antártida fazendo uma visita à Tasmânia, ao sul da costa meridional da Austrália. Este mês ele enviou navios de guerra chineses para ancorar em Londres, mostrando ao mundo quanta coisa mudou desde que a diplomacia britânica conduzida com navios de guerra humilhou a China no século 19.
No Congresso do Partido Comunista que está em curso e que até a quarta-feira (25) está previsto para lhe conceder um segundo mandato de cinco anos, Xi está promovendo uma visão de rejuvenescimento nacional. E um elemento fundamental de suas ambições é uma campanha ampla para reconduzir a China ao que Xi considera ser seu lugar de direito como potência global.
Mas o governo australiano agora estuda impor novos limites às contribuições a campanhas, adotar restrições a investimentos estrangeiros e implementar leis mais rígidas de contrainteligência. A Austrália também quer fortalecer seus laços de segurança com a Índia e o Japão.
"O Estado partidário chinês se excedeu no esforço para influenciar as escolhas da Austrália", explicou Rory Medcalf, diretor da faculdade de segurança nacional na Universidade Nacional Australiana.
A preocupação em relação à ingerência política da China também vem crescendo na Nova Zelândia, onde um representante governamental chinês recentemente aconselhou jornalistas na língua chinesa a coordenar sua cobertura dos fatos com a cobertura feita pela imprensa oficial chinesa.
"Nunca imaginei que o nível de orientação fosse tão direto", disse Anne-Marie Brady, professora de política chinesa na Universidade de Canterbury, em Christchurch, e autora de um estudo acadêmico recente sobre os esforços de Pequim na Nova Zelândia.
Shi, o professor de relações internacionais, disse que "a atitude negativa de Trump em relação ao comércio mundial liberal e à mudança climática" animou Xi a adotar um papel mais ativo no palco global.
Mas ele opinou que os esforços da China para influenciar a opinião pública e a política em outros países são uma extensão natural da estatura crescente do país no mundo, e não apenas frutos da liderança de Xi Jinping.
Para ele, a China hoje dispõe de recursos financeiros e humanos maiores e tem ambições maiores também.
Tradução de CLARA ALLAIN
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