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25/05/2010 - 18h17

Brasil "lamenta profundamente" crise entre as duas Coreias

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governo brasileiro expressou nesta terça-feira "grande preocupação" em relação ao ataque da Coreia do Norte que provocou o afundamento de um navio sul-coreano em março, matando 46 pessoas. Segundo comunicado divulgado pelo Itamaraty, o Brasil "lamenta profundamente o episódio, que potencialmente pode constituir uma ameaça à paz na região, e se solidariza com o governo [sul] coreano e com as famílias das vítimas pelas irreparáveis perdas sofridas."

Finalmente, o Brasil convida "as partes envolvidas a absterem-se de quaisquer atos que ponham em risco a estabilidade da Península Coreana".

Lee Jae-Won/Reuters
Torpedos da Coreia do norte afundaram a corveta sul-coreana Cheonan no dia 26 de março
Torpedos da Coreia do norte afundaram a corveta sul-coreana Cheonan no dia 26 de março

Na quinta-feira (20), a Coreia do Sul acusou formalmente Coreia do Norte de atacar o navio sul-coreano Cheonan em 26 de março, em uma região disputada do Mar Amarelo. Uma investigação internacional sobre as causas do afundamento do Cheonan concluiu na semana passada que o submarino norte-coreano disparou um torpedo contra a embarcação.

O afundamento da corveta de 1.200 toneladas, perto da fronteira marítima com a Coreia do Norte, provocou a morte de 46 dos 104 marinheiros sul-coreanos. Foi o incidente mais grave ocorrido na disputada fronteira marítima do Mar Amarelo entre as duas Coreias desde o fim da guerra entre as duas nações, em 1953.

A retórica agressiva tem assustado investidores, mas analistas duvidam que a Coreia do Norte ouse ir à guerra, pois sabe que suas forças são tecnicamente inferiores às da Coreia do Sul e EUA. Para Seul, um conflito armado seria desastroso para os investimentos econômicos no país.

Alimentando a escalada de tensão na península coreana, o presidente sul-coreano Lee Myung-bak exigiu que a Coreia do Norte emita um pedido de desculpas imediato, após anunciar o corte das relações comerciais entre os dois países.

Um dos únicos parceiros comerciais do regime comunista de Pyongyang, Seul busca isolar o vizinho do norte com as medidas restritivas em retaliação ao ataque.

Relações cortadas

A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira que irá cortar todas as relações e a comunicação com o governo sul-coreano de Lee Myung-bak, devido às acusações de que Pyongyang seria responsável pelo naufrágio do navio da Marinha sul-coreana Cheonan.

Reuters
O regime de Pyongyang, liderado por Kim Jong-il, nega ações militares contra a corveta Cheonan
O regime de Pyongyang, liderado por Kim Jong-il, nega ações militares contra a corveta Cheonan

Segundo a agência estatal norte-coreana Yonhap, o Comitê da Reunificação Pacífica da Coreia informou ainda que Pyongyang também irá expulsar todos os sul-coreanos que trabalham em um parque industrial conjunto na cidade fronteiriça de Kaesong.

Anteriormente, a Coreia do Norte já havia cortado relações comerciais com a Coreia do Sul e acusado o país vizinho de violar as fronteiras marítimas entre as duas nações, ameaçando uma retaliação militar caso navios sul-coreanos navegassem em suas águas territoriais.

Em comunicado divulgado pela agência oficial norte-coreana KCNA, um responsável militar da Coreia do Norte, não-identificado, denunciou que "dúzias de navios de guerra" sul-coreanos entraram em águas norte-coreanas do Mar Amarelo (Mar Ocidental) entre 14 e 24 de maio.

A Coreia do Norte não reconhece a chamada Linha Fronteiriça do Norte, a demarcação marítima traçada no fim da Guerra da Coreia (1950-53), por considerar que está muito próxima de sua costa.

Reação americana

A decisão surpreendeu o Departamento de Estado americano. Segundo o seu porta-voz, P.J Crowley, a situação é "estranha" e não serve aos interesses de longo prazo da Coreia do Norte.

"A Coreia do Sul é uma das economias mais dinâmicas no mundo. A Coreia do Norte é uma economia falida, fato que é admitido até por eles mesmos. O país não consegue cuidar de seus cidadãos", disse Crowley.

"Eu não posso imaginar um passo que seja de pior interesse de longo prazo para o povo norte-coreano que cortar relações com a Coreia do Sul", completou o porta-voz.

A Coreia do Sul voltou a usar a chamada "guerra psicológica" contra o governo da Coreia do Norte nesta terça-feira. Os militares usarão transmissões de rádio que incluem música ocidental, notícias e comparações entre os dois países. Eles também pretendem lançar folhetos avisando a população norte-coreana sobre o afundamento do navio da Marinha sul-coreana.

Nas próximas semanas, ainda devem ser instalados alto-falantes e painéis na fronteira que incitarão os soldados norte-coreanos a deserção.

A guerra psicológica do sul foi suspensa há seis anos e sua reativação deve elevar ainda mais a tensão na região. O governo da Coreia do Norte já avisou que responderá militarmente a qualquer ação dos sul-coreanos.

Exercício militar

Em resposta às ameaças norte-coreanas de ataques caso navios sul-coreanos cruzem a fronteira marítima com o Norte da península, o governo de Seul anunciou mais cedo nesta terça-feira que fará exercícios militares com dispositivos antissubmarinos ainda nesta semana, informou a agência de notícias "Yonhap".

Lee Jae-Won/AP
Presidente sul-coreano Lee Myung-bak exigiu desculpas "imediatas" do regime de Pyongyang
Presidente sul-coreano Lee Myung-bak exigiu desculpas "imediatas" do regime de Pyongyang

O anúncio chega em meio a escalada de tensão entre os dois países, e confirma indicações já feitas pelo governo sul-coreano, de uma série de medidas militares contra o regime de Pyongyang.

Os Estados Unidos, que mantêm 28 mil soldados em bases na Coreia do Sul, podem ser potenciais aliados nestes exercícios, já que a Casa Branca manifestou seu apoio total às iniciativas sul-coreanas, inclusive com logística militar.

 

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