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No Sudão, confrontos tribais na região de Darfur deixam ao menos 41 mortos
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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ao menos 41 pessoas morreram nas últimas 48 horas na região de Darfur, no Sudão, após confrontos entre as tribos árabes rivais Al Masiriya e Al Reziqat, que se enfrentaram entre sexta-feira e sábado, deixando também dezenas de feridos.
Os combates começaram por diferenças sobre o roubo de cabeças de gado, informou a polícia local em comunicado.
"Um grupo de Reziqat atacou, na quinta-feira, um dos nossos povoados a oeste da cidade de Kass (Darfur-Sul). Mataram uma pessoa. Voltaram na sexta-feira e houve combates todo o dia. Também houve combates no sábado", disse à agência France Presse Ezedin Eissa al Mandil, um representante da tribo árabe Miseriya.
"No total, 41 pessoas morreram e 17 ficaram feridas", disse . "A situação está calma no domingo", disse al Mandil.
Representantes da tribo Reziqat não foram encontrados pela agência para dar sua versão dos fatos.
Os choques entre as tribos pelo furto de gado são frequentes na região, que é palco de um conflito armado que remonta a 2003, quando dois grupos rebeldes iniciaram uma luta ao governo para protestar contra a pobreza e a marginalização que os habitantes da área sofrem.
Desde então, a guerra civil deixou mais de 300 mil mortos e dois milhões de refugiados, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas).
Confrontos no sul
O Exército do Sul do Sudão disse nesta quinta-feira que matou em confronto oito homens da milícia de Galwak Gai, e que vai apanhá-lo vivo ou morto.
"Ontem emboscamos as forças de Galwak Gai (...) e matamos oito dos seus homens e capturamos 13," disse Kuol Diem Kuol, porta-voz do Exército do Sul do Sudão. "Eles mataram um do nosso lado, e dois ficaram feridos."
"Estamos agora no encalço de Galwak," disse Kuol. "Ele será capturado ou será morto," acrescentou.
Conforme um acordo de 2005, que encerrou a guerra civil entre norte e sul do Sudão, a mais longa do continente, a população do sul participará daqui a sete meses de um referendo que, segundo analistas, irá resultar na independência da região em relação a Cartum.
Kuol acusou os serviços de inteligência do governo central de apoiarem grupos armados no sul, e disse que o Exército do norte recusou ajuda ao do sul. "Segundo (os prisioneiros), eles eram armados pela inteligência nacional em Cartum," disse o porta-voz.
O Exército do norte rejeitou a acusação. "Os serviços de inteligência trabalham sob o (controle do) Exército, e isso não é verdade," disse um porta-voz militar. "Nenhum órgão pode dar qualquer apoio a quem quer que se rebele em qualquer lugar do Sudão."
Os confrontos aconteceram no Estado da Unidade, uma região rica em petróleo. Gai é um dos vários líderes milicianos que colaboram com um ex-oficial do Exército do Sul do Sudão, George Athor, que se rebelou depois de perder uma eleição em abril. As tropas de Athor ficam no vizinho Estado de Jonglei, onde a empresa francesa Total detém uma concessão petrolífera praticamente inexplorada.
Dois oficiais do Exército do Sul do Sudão foram detidos para interrogatório na terça-feira em Juba, capital do eventual novo país, por suspeita de tentarem recrutar milicianos para David Yauyau, um dos aliados de Athor, segundo Kuol. "Eles devem ser liberados se a investigação não revelar nada," afirmou.
Eleições
No fim de maio, o presidente sudanês Omar Hassan al Bashir, o único chefe de Estado procurado por crimes de guerra pela Corte Internacional de Justiça, foi empossado após sua reeleição em uma votação marcada por boicotes.
Bashir, que rejeita as acusações de que teria ordenado assassinatos e massa, abusos sexuais e torturas em Darfur, deverá presidir um referendo para a cessão do sul do Sudão o que, segundo analistas, dará independência à região produtora de petróleo.
Vestindo um manto e uma touca brancos, Bashir deu boas vindas a chefes de pelo menos cinco Estados africanos presentes na cerimônia, incluindo a Mauritânia, o Chade e o Djibuti.
"Esta fase marca um novo começo", disse Bashir a um Parlamento lotado. "Não retornaremos à guerra, e não haverá lugar para minar a segurança e a estabilidade", disse ele.
A ONU disse que enviaria dois importantes diplomatas ao Sudão, apesar das críticas de defensores dos direitos humanos.
"Diplomatas que participarem da posse de Bashir estarão rindo do apoio de seus governos para a justiça internacional", disse Elise Keppler, conselheiro sênior do Programa Internacional de Justiça do grupo Human Rights Watch.
Bashir venceu com 68% as eleições de abril, que foram marcadas por boicotes da oposição e alegações de fraude disseminada.
Seu partido e aliados conquistaram cerca de 95% dos assentos no Parlamento no norte, dando a ele mais do que os dois terços de maioria necessária para fazer mudanças constitucionais.
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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