Embaixador chileno na Argentina pede desculpas por declarações sobre Pinochet

O embaixador do Chile na Argentina, Miguel Otero, pediu desculpas nesta segunda-feira ao presidente Sebastián Piñera por suas polêmicas declarações sobre a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), porém explicou que sua afirmação foi retirada do contexto.

'Nunca quis colocar o presidente nesta situação. Por isso, peço desculpas a ele (...) por uma inconsequência minha, ao não entender que retiraram minha declaração do contexto, lamento', disse Otero à rádio Agricultura.

O embaixador foi chamado para uma reunião de cerca de uma hora com o vice-chanceler Fernando Schmidt que, assim como titular do Ministério das Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno, afirmou que tais afirmações são pessoais e não condizem com a postura do governo.

Ao jornal "Clarín", em entrevista veiculada ontem, Otero disse que 'a maior parte do Chile não sentiu a ditadura' de Pinochet, justificando que 'se [aquele regime] não tivesse existido, o Chile hoje seria Cuba'.

'Lamento muito [o ocorrido]. Não quis ofender ninguém e nunca foi minha intenção defender as violações aos direitos humanos (...). Nunca quis colocar meu governo em um cenário negativo', reiterou nesta segunda-feira o diplomata.

Questionado sobre o seu futuro, o embaixador afirmou que está nas mãos do mandatário decidir, mas insistiu que sua 'atuação como embaixador na Argentina não tem reparos'.

Por sua vez, Piñera --também consultado pela imprensa-- não quis se pronunciar sobre o caso. Mais cedo, o chanceler explicou que a opinião de Otero é respeitada, 'mas não reflete a opinião do governo chileno'.

A ditadura chilena é considera uma das mais violentas da América Latina e deixou mais de 3.000 mortos e desaparecidos.

Há alguns meses, quando Otero foi designado pelo Executivo chileno à sede diplomática questionava-se justamente se a Argentina iria aceitá-lo, já que ele é muito criticado por seu passado, de vínculos com o ex-ditador.